A missão Crew-9 da SpaceX, que vai trazer de regresso à Terra os astronautas da NASA Suni Williams e Butch Wilmore, chegou com sucesso à Estação Espacial Internacional (ISS) este domingo, dia 29 de setembro. Os astronautas estão na estação há mais de 100 dias do que o previsto, devido a problemas com a cápsula Starliner da Boeing, que inicialmente deveria transportá-los de volta.

A missão Crew-9 descolou de Cabo Canaveral, na Flórida, no sábado, após um adiamento de dois dias provocado pela ameaça do furacão Helene. A NASA optou por esta solução de última hora em agosto, quando concluiu que era demasiado arriscado fazer a tripulação regressar a bordo da Starliner, dadas as falhas nos propulsores e fugas de hélio registadas.

A agência espacial recorreu assim aos serviços da Space que, ao contrário das missões “normais” que transportam quatro astronautas, levou apenas dois tripulantes na fase de ida: Nick Hague da NASA e Aleksandr Gorbunov, da Roscosmos. Deixou duas “cadeiras” vagas que serão ocupadas por Williams e Wilmore na viagem de regresso à Terra, marcada para fevereiro de 2025.

A SpaceX registou em vídeo o momento da acoplagem:

Lançada a 5 de junho, a Starliner atracou no dia seguinte no módulo Harmony da ISS. Aquela que seria a missão de estreia da Starliner com pessoas a bordo deveria ter regressado pouco mais de uma semana depois, mas os problemas com os propulsores de controlo de reação da nave espacial e a descoberta de pequenas fugas de hélio levaram a NASA a impedir a viagem de volta nas condições planeadas inicialmente. Para segurança dos astronautas, a agência espacial norte-americana anunciou a 24 de agosto que a nave da Boeing regressaria à Terra sozinha.

Foi acompanhada mas voltou sozinha. Starliner aterrou com sucesso e há vídeo para ver
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A Starliner é uma nave espacial parcialmente reutilizável que consiste numa cápsula tripulante com cerca de três metros de altura e um módulo de serviço. Ao contrário do veículo Crew Dragon, da empresa SpaceX de Elon Musk, não pousa na água, mas sim em terra firme.

Depois do regresso da cápsula, os engenheiros da NASA estão concentrados nas questões identificadas em redor dos propulsores e das fugas de hélio. O principal problema foi o superaquecimento dos propulsores, causado pelo inchaço de um componente de Teflon que restringiu o fluxo de combustível.

A NASA quer apostar em alterações operacionais em vez de alterações de hardware, nomeadamente evitar condições que causam o superaquecimento ou modificar estruturas do módulo de serviço para dissipar melhor o calor. Quanto às fugas de hélio, acredita-se que os elementos de vedação estejam a degredar-se devido a vapores oxidantes, e uma solução seria usar um material diferente.

Astronautas da Starliner presos na Estação Espacial Internacional só regressam em fevereiro
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Solucionados os problemas, a certificação da Starliner para voltar a fazer missões tripuladas poderá obrigar a um novo voo de teste sem pessoas a bordo.

Falcon 9 com lançamento perfeito mas com retorno “ao lado” que vai obrigar a paragem

O foguetão Falcon 9 que lançou a Crew Dragon, apelidada de Freedom, que irá resgatar os astronautas presos na ISS, ganhou vida com o acionamento de seus nove motores massivos na sua base, impulsionando o sistema de 544.300 kg em direção ao Espaço.

Após cerca de dois minutos e meio, o primeiro estágio parou o impulso e separou-se do segundo estágio. Este acionou, então, o seu próprio motor e continuou a “guiar” a cápsula Crew Dragon a mais de 27.360 quilómetros por hora - ou 22 vezes a velocidade do som.

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Quando a cápsula Crew Dragon atingiu a velocidade orbital, a nave separou-se do segundo estágio do Falcon 9 e seguiu sozinha o resto da viagem, usando propulsores a bordo para ajustar gradualmente a posição e ligar-se com a Estação Espacial Internacional.

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Embora o lançamento com as suas diferentes fases tenha decorrido sem problemas, a SpaceX revelou mais tarde que o segundo estágio do Falcon 9 teve um problema depois de se separar da cápsula.

A parte do foguetão foi descartada de forma segura no oceano conforme planeado, mas fora da área de destino por ter registado “uma queima de órbita fora do normal”, partilhou a empresa na sua conta X.

A SpaceX indicou, por isso, uma pausa nos voos com o Falcon 9, enquanto analisa a anomalia. “Retomaremos o lançamento depois que entendermos melhor a origem do problema”.