A informação recolhida pela sonda foi usada para criar um modelo sobre como o clima e a pressão atmosférica mudaram ao longo do tempo. As conclusões apontam para períodos, na história de Plutão, onde a temperatura e a pressão foram suficientemente altos para derreter o gelo de nitrogénio à superfície.

“Podem ter existido líquidos na superfície de Plutão no passado”, afirmou Alan Stern, líder da missão New Horizons numa conferência, citado pela publicação New Scientist.

Os investigadores acreditam, por isso, que as áreas planas na superfície de Plutão são provavelmente o resultado de corpos ainda líquidos, enquanto as fendas podem ter sido criadas por rios de azoto, gerados quando as mudanças climáticas no planeta derreteram parte do gelo de nitrogênio que ainda cobre a sua superfície.

Mas como é que o gelo num corpo celeste a mais de 3,7 mil milhões de milhas do Sol consegue chegar a uma temperatura que o faça derreter? Porque “a maioria de Plutão é tropical”, referiu por sua vez Richard Binzel.

Durante a sua intervenção, o investigador explicou que tal como na Terra, em que há várias zonas climáticas, resultado da inclinação do eixo do planeta em relação ao Sol, o mesmo acontece com Plutão. Mas se na Terra a inclinação é de 23 graus, a de Plutão é de 120 graus, ou seja se na Terra os trópicos estão confinados às regiões perto do equador, em Plutão a amplitude é muito maior.