Quando no passado mês de outubro o TeK rumou a Sintra para conhecer o novo Mavic Pro da DJI, a empresa fez questão de nos contar um segredo que desde aí guardámos religiosamente. “Para além do Mavic, há novos drones que vamos apresentar brevemente”, disse um responsável enquanto nos mostrava dois produtos confidenciais, o Phantom 4 Pro e o Inspire 2.

O sigilo acabou esta quarta-feira. A tecnológica chinesa montou o palco em Berlim para a apresentação europeia dos dois aparelhos e sublinhou exaustivamente que “vamos assistir a uma revolução na indústria cinematográfica”.

Afinal, é para isso que vivem estes drones. São uma aposta clara na qualidade de imagem, na velocidade e na autonomia. Têm mais sistemas de voo inteligente, sensores e controladores adaptados a condições de iluminação natural. Mas vamos por partes.

Phantom 4 Pro

Este é o mais pequeno dos dois. O mais barato dos dois e o menos capaz dos dois. No entanto, nem por isso hipoteca uma experiência de qualidade. Como disse um dos apresentadores durante o evento, “nem sempre uma embalagem pequena é antónimo de qualidade”.

Essa fica atestada nas características. O Phantom 4 Pro tem 30 minutos de autonomia de voo, é controlável até um raio de 7 quilómetros, detecta obstáculos a partir de 30 metros de distância e consegue gravar em 4K a 60 frames por segundo. As fotografias, por sua vez, chegam aos 20 MP e o obturador é mecânico para reduzir o tempo de resposta. E como a velocidade importa, este mantém-na em relação ao antecessor: 72 km/h.

Os sensores de perceção espacial foram montados em cinco direcções diferentes para assegurar que o Phantom não choca contra qualquer superfície mesmo a altas velocidades. E como a DJI quer ser considerada por produtores e realizadores, “para dar segurança aos pilotos na hora de captar imagens em ambientes mais irregulares”. A nova equipa de sensores, infravermelhos, possibilitam ainda a construção de um mapa em 3D daquilo que o Phantom consegue ver e comunica com o piloto a sua trajectória mesmo sem recurso a GPS. Outra das funcionalidades potenciada por estes sensores é o Narrow Sensing que adapta a visão do aparelho caso queira atravessá-lo por portas, vales ou outros espaços mais estreitos.

Mas, para este produto, as novidades não acabam aqui.

Os clientes da DJI pediram um controlador com ecrã embutido e, por isso, a tecnológica fez-lhes a vontade. Doravante, para pilotar um drone, não terá de emprestar o seu smartphone a um comando. O novo display de 5.5 polegadas e 1080p de resolução mantém as funcionalidades a que tinha acesso com um telemóvel, mas as melhorias notam-se na luminosidade que pode chegar aos 1.000 nits. Para quê? Para permitir uma visualização clara mesmo em ambientes exteriores onde a luz natural pode dificultar a tarefa. O controlador integra ainda um microfone, um altifalante, WiFi e tem 5 horas de autonomia.

A frequência da transmissão pode chegar aos 5.8GHz na configuração mais cara, mas a versão standard fica-se pelos 2.4GHz.

Inspire 2

Mesmo com o Phantom a apresentar características de qualidade e mais do que suficientes à maioria das utilizções, a DJI decidiu subir a parada com o Inspire, um drone que foi descrito como “tecnologia de ponta para a indústria cinematográfica”.

Com este Inspire, a ideia foi dar corpo à ideia de um equipamento verdadeiramente profissional, preparado para captar imagens dignas de Hollywood.

Neste caso, o 4K parece ser norma. O Inspire ambiciona a voos maiores e, para isso, a DJI integrou-lhe um sensor que grava até uma resolução máxima de 5.2K em CinemaDNG RAW ou Apple ProRes a 30 fps.

A velocidade que atinge quase ultrapassa o limite máximo permitido nas auto-estradas portuguesas. Em apenas 4 segundos o Inspire chega aos 80 km/h e se lhe der mais um bocadinho ele atinge os 108 km/h. Na vertical, perde, mas não muito: 6 metros por segundo é o limite.

Ao contrário do Phantom e do seu antecessor, o Inspire 2 tem uma estrutura construída em alumínio, aumentado a resistência do drone face a possíveis choques. O conjunto de sensores ganha um reforço na parte de cima do Inspire, para evitar colisões contra tetos em voos interiores. Ao ar livre pode elevá-lo nas alturas até 5 quilómetros de altitude.

Em contrapartida, mais poder significa menos autonomia. Apesar da redundância de duas baterias amovíveis, o drone consegue aguentar-se apenas entre 25 a 27 minutos, de seguida, no ar.

Os controladores (um para o drone e outro dedicado à operação da câmara) não vêm com um ecrã embutido, mas é exactamente aí que entra o novo display da DJI.

CrystalSky

Este é para quem não quer dispensar o seu smartphone para pilotar um drone.

O CrystalSky é um ecrã que serve para acoplar nos comandos que assim o exigem.

Vai ser vendido em dois tamanhos e, consequentemente, em duas medidas. O mais pequeno tem 5.5 polegadas, 1.000 nits de luminosidade, 1.920 x 1.080 FHD de resolução e entrada HDMI, USB e SD card.

A maior opção tem quase 8 polegadas, resolução de 2.048 x 1.536, as mesmas portas que o irmão mais pequeno e chega aos 2.000 nits de luminosidade.

Para além de tudo isto ambos os drones integram sistemas de voo inteligente, tal como os modelos anteriores. Seguem carros e pessoas, circundam-nos, reconhecem gestos, voam autonomamente para os pontos indicados no mapa e até reconhecem trajetos desenhados no touchscreen do comando.

O Phantom 4 Pro vai custar cerca de 1.699€, já está disponível em pré-venda, mas traz consigo um controlador sem ecrã embutido. Se o quiser, terá de chegar aos 1.999€ para adquirir o Phantom Pro +. Ambos começam a ser enviados para a semana.

O Inspire 2 começa nos 3.399€, também já está disponível para encomenda e começa a ser entregue em dezembro. Neste caso, o preço depende sobretudo da câmara que decidir integrar no gimble do drone: a X4S (sem 5.2K ou suporte para DNG RAW) ou a X5S.