A equipa do Jet Propulsion Laboratory da NASA “carrega” o Perseverance de mapas gerais de rotas, mas é o rover que “pensa por si próprio” na escolha do melhor caminho real, de modo a evitar pedras e outros perigos à medida que avança no percurso.

O “geólogo” marciano de seis rodas está equipado com o AutoNav, um sistema de navegação autónomo que, a par das câmaras e software aprimorado, permite processar rotas em tempo real. Eliminando a necessidade de parar para decidir os próximos passos pelo caminho, também acaba por reduzir o tempo de condução entre áreas de interesse científico. E foi isso que aconteceu.

O Perseverance navegou, recentemente, através de um campo de pedras com aproximadamente meio quilómetro, em cerca de um terço do tempo que outros rovers de Marte da NASA levariam.

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O veículo robótico andou por “Snowdrift Peak”, um percurso em que o Sojourner, por exemplo, seria obrigado a parar a cada 13 centímetros para que seu computador de bordo analisasse e processasse o que tinha pela frente antes de escolher o próximo movimento. Já o Spirit e o Opportunity só podem percorrer distâncias de até 0,5 metros antes de pararem para planearem o próxima passo.

O percurso feito pelo Perseverance em Snowdrift Peak, que incluía duas paragens para pedras que a equipa científica queria inspecionar, cobriria em linha reta 520 metros. No momento em que o rover saiu da borda oeste do campo rochoso, a 31 de julho, estavam registados 759 metros, com grande parte da distância extra vindo da manobra do AutoNav em torno de rochas não visíveis nas imagens do orbitador usadas para planear a rota.

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Na verdade, o Perseverance estabeleceu recordes de velocidade do rover em Marte desde o pouso em fevereiro de 2021. Esta capacidade autónoma permitiu que o rover estabelecesse novos recordes “off-road” em Marte, incluindo uma distância de viagem num único dia, de 347,7 metros, e a viagem mais longa sem revisão humana, de 699,9 metros.

Estas conquistas ocorreram quando o veículo espacial atravessava um terreno relativamente plano do fundo da cratera de Jezero, sem grandes rochas ou buracos no caminho, sublinha a NASA. Mas é por isso mesmo que a recente condução Snowdrift Peak, num caminho repleto de pedras, impressionou até mesmo os engenheiros que planearam e testaram as capacidades de “passeio” do rover.