Inspirado pelo livro The Selfish Gene, escrito Richard Dawkins em 1976, sobre teorias da evolução, um vídeo interno da Google chamado Selfish Ledger, produzido por Nick Foster em 2016, foi alvo de um “leak” e divulgado pela The Verge. Nick Foster era o líder do departamento Google X, a divisão responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologia.

A curta-metragem especulativa tenta imaginar um mundo onde as pessoas alimentam constantemente o seu registo de informações online, o qual Nick Foster apelidou de “Selfish Ledger”, ou registo pessoal. O conceito descreve como a recolha total e absoluta de informação poderá ser utilizada para moldar as decisões que as pessoas tomam, mesmo sem terem consciência disso.

Nesse registo (Ledger) ficam as ações que as pessoas fazem com o smartphone, desde as definições de preferência, e outras decisões pessoais, assim como informações de amigos e familiares, por exemplo. Invés de armazenar a informação para futuras análises, o registo pode ser trabalhado e interpretado pela Google, encaminhando os utilizadores até um objetivo, ou levando-as a assumir a sua parte para resolver problemas maiores da sociedade, tais como a pobreza ou a depressão.

O vídeo polémico dá um exemplo para descrever o conceito. É dado ao utilizador um objetivo de vida, sendo depois listado que tipo de atividades deve seguir para conseguir atingir essa meta. Ou seja, se deseja perder peso, o sistema entende os locais onde encomenda comida através do smartphone, e automaticamente direciona-o para opções alternativas de aquisição de produtos alimentares saudáveis.

tek google Selfish Ledger
tek google Selfish Ledger

O conceito parece retirado de uma distopia orwelliana, mexendo com as questões da privacidade das pessoas. No entanto, não se trata de nenhum produto, tampouco existem planos para tal tecnologia. Segundo declarações da Google ao Business Insider, o vídeo foi produzido exatamente com o objetivo de ser provocativo, alimentado por uma técnica conhecida como “design especulativo” para explorar ideias menos confortáveis e provocar a discussão e o debate.