Em dia de anúncio de peso para a indústria dos telemóveis e até para a indústria do software vale a pena recordar o passado. Se o futuro da fabricante finlandesa nas mãos da Microsoft ainda pode parecer incerto é inegável o impacto da marca na história dos telefones móveis. E não lhe faltam modelos icónicos, daqueles que uma vez vislumbrados nos remetem imediatamente para a adolescência… ou para bem antes disso.
O que propomos hoje aos nossos leitores é que se deixem por um momento as considerações sobre o futuro da marca e se olhe para trás. Para aquilo que já nos deu. Vamos recordar os nossos recordes de Snake - o original, que em nenhum telefone se jogou com tanta destreza como no 3210 - e a "pinta" que sonhámos ter quando nos meteram o "telefone do Matrix" nas mãos - pela primeira vez carregámos no botão que disparava a tampa, qual Neo entre batalhas Cyberpunk.
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Todas as histórias têm um início e a da presença da Nokia no mercado de telemóveis não é exceção. Assim, começamos por apresentar aquele que foi o primeiro telefone GSM da marca. O Nokia 1011 foi lançado em 1992 e tinha autonomia para 1h20 em conversação ou 12 horas em espera e pesava quase meio quilo (475 gramas).
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O tamanho do dispositivo valeu-lhe algumas críticas. Numa altura em que os telefones analógicos já começavam a "encolher", o design do equipamento era visto como uma espécie de retrocesso, mas as funcionalidades terão prevalecido na análise: a ligação GSM era mais estável.
O modelo continuou a ser produzido até 1994, altura em que foi introduzido o Nokia 2110 como seu sucessor. Entre as suas particularidades conta-se o facto de ter sido o primeiro a chegar ao mercado com o Nokia Tune, o toque que haveria de ficar para sempre associado à marca.
Outro dos modelos considerados "míticos" pelos adeptos da marca é o Nokia 8110, que trazia uma tampa deslizante (e metalizada) que protegia o teclado - e lhe dava alguma dose de "coolness". A ajudar à dose de estilo acima do habitual, estava o facto de se apresentar como o primeiro a contar com uma antena interna, escondida no corpo do aparelho. Podia pesar 118 gramas ou 99, consoante a bateria incluída fosse standard ou de lítio.
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Mesmo que este modelo nos tivesse deixado impressionados, nada nos poderia preparar para o que aí vinha. Adeus acabamentos metalizados, olá cor indefinida - em variações de verde, talvez - que mudava consoante a luz e a orientação que dávamos ao telefone. Olá Nokia 7110.
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Aquilo não era um telemóvel. Foi todo um romance que nos venderam. Quando a tampa, como que por magia, descia ao nosso toque discreto no botão lateral, éramos Neo e Trinity. Tínhamos sobretudos e calças de cabedal e liamos linhas de código tão bem como nos desviávamos de balas no ar. Ainda que ao cabo de poucos meses o botão deixasse de funcionar e a tampa ficasse lassa.
Desvarios à parte, este foi também o primeiro terminal da Nokia equipado com browser WAP, para navegar na Web. Podia não ser a uma velocidade alucinante, mas era possível. Estávamos em 1999. O equipamento ficou ainda caracterizado pela roda colocada abaixo do ecrã, no centro do dispositivo, que auxiliava a navegação.
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E isto, alguém sabe o que é?
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Esqueçamos o estilo e foquemo-nos na produtividade. Talvez tenha sido um raciocínio semelhante que levou a Nokia a apresentar este dispositivo, ainda em 1996 - mas tememos que não, até porque ele foi usado por Val Kilmer no remake do Saint, em 1997.
Na altura, era o que empresa tinha de mais aproximado a um telefone/computador de bolso, condensando funções de agenda e permitindo a ligação em rede a outros terminais, por via do protocolo Telnet. A máquina em questão é a primeira de uma linha a que a fabricante finlandesa chamou Communicator, e que tem no E90 o atual sucessor. Pesava cerca de 400 gramas.
E como nem só de topos de gama e assuntos sérios é feita a vida, passamos agora aos modelos que começaram a democratizar o acesso a este tipo de terminais, tanto às camadas mais jovens como àqueles que simplesmente não tinham possibilidade ou necessidade de fazer o investimento necessário à aquisição de alguns dos modelos acima referidos.
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Um dos nossos preferidos neste portefólio será, sem dúvida, o Nokia 3210, lançado em 1999. Nunca outro telemóvel como este nos permitiu jogar Snake com tanto afinco e devoção. E a possibilidade de mudar as capas do telefone (se estivesse a ser apresentado agora aposto que estaríamos a falar em "personalização") esteve para os donos de um terminal destes como a introdução dos toques polifónicos noutros tempos: era toda uma geração a precisar de se expressar.
Considerado um dos mais bem-sucedidos modelos da marca, o 3210 vendeu 160 milhões de unidades em todo o mundo. Depois veio o 3310, mais pequenino, com apontamentos em dois tons e direito a screensaver (e com menos mística?).
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Com poucos meses de diferença seria lançado o Nokia 3330 que já permitia (preparem-se!) o envio de mensagens de imagem animadas. E não, não estamos a falar de fotografias, são imagens a preto e branco - verde, neste caso, devido ao fundo do ecrã - a lembrar as fornecidas com o Word há muitos anos.
Provavelmente inspirada na febre dos jogos e da troca compulsiva de SMS que deixava os adolescentes agarrados a modelos como estes, a Nokia lançaria em 2001 um telemóvel com um teclado completo - metade colocado do lado direito e outra metade colocada do lado esquerdo do ecrã - dirigido ao mesmo público-alvo.
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O Nokia 5510 contava também com funcionalidades como o leitor de música e rádio e ganharia em 2003 um sucessor à medida daquilo em que se tornou: um aspirante a híbrido entre consola de jogos portátil e telemóvel. Falamos do NGage, que vinha equipado com um ecrã a cores de 2,1 polegadas (TFT 4096 cores e 176x208 pixéis). Um processador de 104 MHz da ARM, acesso ao email. WAP 2.0 e toques MP3 eram outros dos trunfos a seu favor, mas não costuma ser apontado como um sucesso de vendas.
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Como seria de esperar, a selecção é subjetiva e não haverá dúvidas de que os lançamentos impactantes da Nokia não se ficam por aqui. Optámos, porém, por destacar alguns dos equipamentos icónicos da marca e temos uma certa dificuldade em incluir no nosso lote de ícones aqueles que contam com menos de uma década de existência...
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Nota de redação: O texto foi originalmente publicado a 18 de junho e foi hoje revisto e recuperado, assinalando o negócio que passa a divisão de telemóveis da Nokia para a Microsoft.
Foi corrigida a imagem do Nokia 2110.
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