Investigadores, em várias empresas, usam cada vez mais materiais flexíveis na criação de estruturas insufláveis como câmaras de ar ou habitats para futuras missões lunares e a Marte. Por exemplo, a Max Space está a desenvolver uma arquitetura de habitat expansível. Por seu lado, a Sierra Space tem apostado na criação de um habitat no âmbito do projeto “Building a Platform in Space to Benefit Life on Earth” que é, no fundo, um “grande ambiente flexível integrado” e que recentemente passou com distinção nos testes realizados, ao superar os requisitos de pressão de ar definidos pela NASA em 22%.

A Lockheed Martin está também a testar estruturas insufláveis que apresentam vantagens em relação a estruturas totalmente metálicas. Em 14 de agosto, a empresa avaliou a pressurização e de repressurização de uma câmara de ar insuflável (airlock) nas suas instalações em Waterton Canyon, no Colorado, EUA.

Os testes da Lockheed Martin fazem parte do programa Next Space Technologies for Exploration Partnerships (NextSTEP) da NASA, uma joint venture público-privada. Esta iniciativa visa o desenvolvimento comercial de capacidades de exploração do espaço profundo para apoiar missões mais extensas de voos espaciais humanos em torno e para além do espaço próximo da Terra, que se estende para além da Lua.

As infraestruturas insufláveis beneficiam de uma tecnologia subjacente altamente escalável e apresentam mais volume com menos massa, precisando por isso de lançadores menores. "Os 'softgoods' também têm um desempenho muito melhor do que os metálicos no que diz respeito à proteção contra a radiação e as condições térmicas”, disse Uy Duong, engenheiro-chefe para a habitação no espaço civil comercial na Lockheed Martin, ao SpaceNews.

Veja na galeria imagens do conceito airlock:

Os testes consistiram em múltiplos ciclos de entrada e saída de gás, essencialmente insuflações e esvaziamentos com nitrogénio suficiente para pressurizar o airlock até se tornar tão rígido como o aço. O objetivo era perceber até que ponto o material utilizado, Vectran, se deforma ao longo do tempo e quanto tempo mantém as suas caraterísticas.

O Vectran é uma fibra de polímero de cristal líquido de alto desempenho que é particularmente forte, rígida e estável, disse Uy Duong. “É muito semelhante ao Kevlar em termos de resistência, no entanto, tem de facto uma melhor resistência à fluência. Pode ser utilizada em ambientes extremos muito melhor do que o Kevlar.”

A Lockheed Martin precisa avaliar corretamente o potencial de vida operacional de uma estrutura em Vectran, pelo que é importante perceber como a deformação afeta estruturas compostas por este material. A Lockheed Martin aproveitou a ocasião para testar outros projetos de habitats, rebentados propositadamente, para evidenciar a robustez e determinar os limiares de pressão.

“A NASA tem uma norma de quatro vezes o fator de segurança como mínimo para os softgoods. Os nossos testes de rutura provaram que excederemos essa norma, ultrapassando seis vezes o fator de segurança”, afirmou Rowan Palmer, engenheira de sistemas da equipa de softgoods e de habitação da Lockheed Martin Space.

Com os novos dados de segurança, a Lockheed Martin poderá testar projetos maiores do que os inicialmente planeados, disse Uy Duong à SpaceNews. “Estes poderiam incluir unidades de armazenamento para combustível criogénico, túneis pressurizados para ligar módulos de habitação e outras estruturas para apoiar as tripulações na Lua e em Marte”, detalhou.