É apresentado esta quinta-feira o Salicórnia, anunciado como o primeiro Ferryboat 100% elétrico desenvolvido inteiramente em Portugal, para servir uma região do país. Além de ser fabricado em Portugal, o projeto foi desenvolvido e executado por uma empresa portuguesa.
O Salicórnia vai fazer a ligação entre São Jacinto, em Aveiro, e o forte da Barra, em Ílhavo, substituindo o navio que tem feito esta travessia ao longo dos últimos 20 anos, com ganhos importantes a nível ambiental.
O novo Ferryboat não emite CO2 e, comparativamente ao antecessor, permite uma redução do consumo energético em cerca de 30%. O antecessor tem uma pegada ambiental de mais de 300 toneladas de dióxido de carbono anualmente, funciona a diesel e do alto dos seus quase 70 anos foi pouco pensado para responder a preocupações ambientais.
A apresentação e batismo oficial do Salicórnia acontece esta quinta-feira nos Estaleiros da Navaltagus, no Seixal. O navio segue depois viagem para Aveiro, rebocado, onde deverá chegar no Domingo. Antes de integrar a operação da AveiroBus, a embarcação será sujeita a testes de navegação e carregamento. José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, prevê que a inauguração oficial do novo ferry decorra na primeira quinzena de dezembro.
O investimento total associado ao projeto é de 9 milhões de euros, a grande maioria assegurados pela autarquia, que contou com um apoio de 2,5 milhões de euros do POSEUR. Deste valor, 1,6 milhões de euros vão para o sistema de carregamento do ferry, que está agora a ser finalizado em Aveiro, detalhou o autarca ao SAPOTek. O barco vai ter capacidade para transportar 260 passageiros e 19 viaturas, mais 30% de passageiros que o ferry atual e mais 90% dos veículos agora transportados.
Ribau Esteves explica que a sustentabilidade é uma aposta forte do município, que começou por pôr a tónica nos transportes, nomeadamente públicos, pelo impacto que isso pode gerar, a diferentes níveis. Usar os transportes públicos para estes fins é ter “outdoors ambulantes” que ajudam a passar a mensagem da importância da descarbonização, defende.
Além da modernização do ferry, a autarquia está a reforçar a rede de autocarros elétricos, que vai passar em breve de quatro para 14. Até final do ano quer também ter pronta a rede de carregamento elétrico para os moliceiros que fazem os passeios turísticos nos canais urbanos da ria.
Na cidade de Aveiro está ainda em fase de finalização a construção de um novo parque de estacionamento no Rossio para 200 viaturas, que vai ter 40 postos de carregamento para veículos elétricos.
“Esta é uma estrutura preparada para que no futuro todos os lugares de estacionamento possam ter postos de carregamento”, adianta Ribau Esteves. Para já, Aveiro conta com 12 postos de carregamento elétrico. Até meados do próximo ano quer ter 70.
O Ferryboat elétrico que Aveiro vai estrear em breve foi construído pela NavalTagus, empresa do grupo português ETE (que ganhou o concurso aberto pela autarquia). Ribau Esteves sublinha que só nos Países Baixos e na Escandinávia estão já a funcionar outras soluções de transporte semelhantes. Isso acontece porque o investimento é significativo, mas também porque as próprias tecnologias estão ainda em aperfeiçoamento.
No caso de Aveiro, a decisão de avançar já com uma solução elétrica para o ferry decorreu da necessidade de modernizar a solução antiga, reduzindo o impacto ambiental, mas "é também uma questão de marketing territorial" e imagem da cidade e do município e dos seus princípios ambientais, numa rota de grande visibilidade turística.
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