Chegou ao fim a primeira fase do desenvolvimento e produção do Ventilador Atena, um projeto conduzido pelo CEiiA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel), no Centro de Engenharia para o Desenvolvimento de Produto, que garantiu 100 unidades do equipamento que passaram nas duas rondas de ensaios pré-clínicos. O projeto foi possível de concretizar graças a um programa de crowdfunding, onde foram reunidos 1,2 milhões de euros, promovido pela Fundação Gulbenkian e a RTP, a partir de 96 mil doadores individuais. O projeto foi também suportado pela ANI em 2,6 milhões de euros, num apoio reembolsável.
O projeto realizado por uma parceria entre o CEiiA e a Escola de Medicina da Universidade do Minho, em colaboração com instituições médicas, a indústria e especialistas de diversas áreas, incluindo intensivistas, pneumologistas, anestesistas e internistas de hospitais públicos e privados vai agora entrar numa segunda fase.
O objetivo é produzir mais 400 unidades de ventilação até ao final de maio e internacionalizar o projeto. Começou também a conceção e desenvolvimento de uma segunda versão do ventilador, prevendo-se uma versão funcional do protótipo até ao fim do mês. Se tudo correr como o planeado, até final de setembro serão produzidas 200 unidades da nova versão.
Os ventiladores estão a ser apresentados hoje em Matosinhos, numa cerimónia onde estão presentes o Primeiro Ministro António Costa e Manuel Heitor, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Vão ser ainda mostrados outros projetos em curso, tais como os capacetes para cirurgiões.
O Ventilador Atena pretende dar resposta à emergência nacional, mas também global, da pandemia de COVID-19. O CEiiA garante que os equipamentos apresentam todos os requisitos funcionais definidos para o tratamento de doentes em falência respiratória aguda. O modelo enquadra-se no género de ventiladores pulmonares mais avançados e complexos disponíveis, designados como “invasivos”.
O equipamento, cujo protótipo foi concebido em cerca de três semanas, através das recomendações e diretivas da Organização Mundial de Saúde. Estima-se que 14% dos infetados com COVID-19 contraem pneumonia e 5% ficam estado crítico, necessitando de fontes de ventilação externa para respirar.
Quando foi apresentado, o Ventilador Atena destacou-se também pela sua utilização intuitiva, assim como a sua rápida mobilidade para responder às necessidades dos pacientes, onde estiverem. Além disso, promete ser seguro e de fácil limpeza e descontaminação, permitindo-lhe trabalhar continuamente durante pelo menos duas semanas, 24 horas por dia, antes da sua manutenção. Foi ainda concebido para ser compatível com outros componentes médicos.
Durante a apresentação do ventilador em Matosinhos, António Costa elogiou o trabalho da equipa, referindo que "O CEIIA transformou a ciência e a indústria portuguesa em 45 dias", citado pela TSF. Garantiu ainda que os ventiladores produzidos vão entrar numa unidade hospitalar, destacando ainda a resposta de Portugal à pandemia, afirmando que deu 10 milhões de euros como resposta global à COVID-19. Acrescentou que é necessário mais contributo da produção nacional nestes materiais de proteção.
António Costa considera fundamental que Portugal não esteja demasiado dependente de "um mercado completamente desregulado e selvagem" na obtenção de máscaras e ventiladores. E quando os pacientes chegam à fase dos cuidados intensivos, é necessário garantir que não vão faltar ventiladores.
Nota de redação: Foram adicionadas as declarações do Primeiro Ministro António Costa durante a apresentação do Ventilador Atena em Matosinhos.
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