Foi publicado um estudo no jornal Nature realizado numa parceria da CERN com a CLOUD (Cosmics Leaving Outdoor Droplets) sobre uma nova fonte de partículas de aerossol atmosférico que podem ajudar os cientistas a refinar os modelos climáticos. Os aerossóis são partículas microscópicas suspensas na atmosfera que se formam a partir de fontes naturais e artificialmente pelas atividades humanas.

Os aerossóis têm um papel importante no sistema climático da Terra, uma vez que estes alimentam as nuvens e influenciam a sua refletividade e cobertura. A maioria dos aerossóis nascem da condensação espontânea de moléculas que estão presentes na atmosfera em pequenas concentrações. Os vapores responsáveis pela sua formação ainda não eram bem compreendidos, sobretudo na área superior da troposfera.

O estudo revelou uma nova fonte de partículas de aerossol atmosférico: a oxidação de isopreno, emitida pelas florestas tropicais. Esta descoberta, confirmada por observações aéreas na Amazónia durante os últimos 20 anos, sugere que modelos climáticos necessitam de revisão para incorporar esta fonte biogénica de aerossóis, anteriormente subestimada.

O isopreno é um hidrocarbonato que contém cinco átomos de carbono e oito átomos de hidrogénio. É emitido por árvores com muita folhagem e outra vegetação, sendo a fonte mais abundante de hidrocarbonato não-metano libertado na atmosfera.

A pesquisa utilizou a câmara CLOUD no CERN para simular as condições da alta troposfera, mostrando a formação de partículas mesmo em baixas concentrações de ácido sulfúrico. A amplitude do impacto climático desta descoberta ainda precisa de ser quantificada através da integração em modelos globais. A câmara continha uma seleção precisa de uma mistura de gases disparados pelo sistema Proton Synchrotron da CERN para replicar a influência dos raios cósmicos.

A importância destas descobertas, ainda que tenham de ser validadas nos modelos climáticos globais, poderá ter impacto na sensibilidade climática da Terra. Esta refere-se à forma como a temperatura do planeta responde às alterações das concentrações de fases de efeito estufa. A formação e crescimento das nuvens que influenciam o balanço radiativo da Terra, ou seja, a relação entre a radiação solar recebida e a radiação infravermelha emitida.

Resumindo, a descoberta pode incluir novos dados sobre a química atmosférica, que sendo adicionados aos modelos, poderão permitir realizar previsões mais precisas sobre o clima. Pode consultar o estudo completo publicado na Nature.