Esta semana, a SpaceX lançou para o Espaço mais uma remessa de 49 satélites Starlink, avançando no seu objetivo de criar uma vasta constelação que suporta o seu serviço de Internet.
A comunidade científica tem vindo expressar as suas preocupações em relação ao projeto da empresa espacial de Elon Musk e, agora, um novo estudo volta a alertar para o crescente impacto da constelação de satélites nas observações astronómicas.
Uma equipa de investigadores analisou um conjunto de imagens captadas pelo Zwicky Transient Facility (ZTF), um instrumento de observação astronómica localizado nos Estados Unidos que, a cada dois dias (analisa) a totalidade do céu noturno, catalogando objetos cósmicos em mudança.
As conclusões do estudo, publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters, demonstram que 5.301 “comboios” de satélites Starlink aparecem em imagens captadas pelo observatório entre novembro de 2019 e setembro de 2021.
Os investigadores explicam que as marcas deixadas pelos satélites são mais aparentes em observações realizadas ao amanhecer e anoitecer, alturas do dia que são importantes para a descoberta de asteroides.
“Em 2019, 0,5% das imagens captadas ao amanhecer ou anoitecer foram afetadas”, indica Przemek Mróz, investigador que liderou o estudo, acrescentando que, em 2021, esse valor subiu para quase 20%.
No futuro, os especialistas esperam que a vasta maioria das imagens captadas pelo ZTF ao amanhecer ou anoitecer contenham pelo menos uma marca, em particular, após a constelação Starlink chegar à marca dos 10.000 satélites: um objetivo que a SpaceX pretende alcançar até 2027.
Apesar das marcas deixadas, o estudo nota que as operações científicas levadas a cabo pelo ZTF não foram significativamente afetadas. “Há uma pequena hipótese de virmos a perder um asteroide ou algum evento escondido por trás de uma marca de satélite, mas em comparação com o impacto do estado do tempo, como, por exemplo, um céu nublado, estes são impactos mais pequenos para o ZTF”, detalha Tom Prince, coautor da publicação.
O investigador indica que certos tipos de software poderiam ajudar a mitigar os problemas causados pela constelação, prevendo a localização de satélites ou alertando os cientistas para a possibilidade de uma observação ter sido afetada.
As medidas tomadas pela própria SpaceX para mitigar o impacto dos seus satélites também foram analisadas pelos especialistas. Embora a introdução de visores nos satélites lançados a partir de 2020 ajude a mitigar o impacto, tal não é suficiente.
Apesar das conclusões do estudo serem apenas relativas ao ZTF, os investigadores preveem que o impacto das constelações de satélites Starlink poderá ser maior no caso de observatórios com capacidades mais avançadas, como o observatório Vera C. Rubin que está a ser construído no Chile.
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