Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, o IPG informou que os dados dos projetos de investigação levados a cabo por recém-licenciados do curso de Engenharia Topográfica “despertaram o interesse de seguradoras na Conferência Proteger 2023”.
“Os trabalhos apresentam soluções que podem ajudar na prevenção de incêndios florestais. Os resultados podem também ser muito úteis para a Proteção Civil e para as câmaras municipais”, destacou.
Rita Cieiro é a autora do projeto “Mapas de Vulnerabilidade de Incêndios Florestais do distrito da Guarda”, que se focou na construção de quatro mapas sazonais, um por cada trimestre do ano, tendo em conta a análise de nove variáveis: ocupação de solo, declive do terreno, exposição das vertentes, distância aos cursos de água, distância às áreas artificializadas, densidade populacional, proximidade à rede viária, temperatura e precipitação média.
“Estas condições conduziram à obtenção de classificações da vulnerabilidade em todo o distrito da Guarda, podendo aplicar-se o mesmo tipo de análise a outras zonas do país”, descreveu.
Luís Branco é o autor do estudo “Mapeamento de Incêndios e Caracterização Geral do Território a partir de Deteção Remota", que incidiu na análise das ocorrências de 2017 e 2022, no distrito da Guarda.
Este projeto permitiu “distinguir diferentes níveis de severidade de incêndios florestais e identificar os solos, através da análise da ocupação, que estão mais suscetíveis a reincidências, referenciando e quantificando as áreas afetadas”.
Segundo o IPG, os dois trabalhos resultaram da aplicação de técnicas avançadas, como a classificação de imagens de satélite, sistemas de informação geográfica e a deteção remota (recolha de informação sobre um fenómeno pela análise de dados reunidos por um dispositivo que não está em contacto com esse mesmo fenómeno), que ajudaram a compreender as áreas ardidas e o estado da vegetação e do solo.
“O Politécnico da Guarda destaca-se pela aposta na investigação e na contratação de quadros altamente qualificados para potenciar nos seus projetos. Todos os anos Portugal está sob alerta para o perigo de incêndios rurais, pelo que o papel do IPG, enquanto academia, é utilizar o conhecimento que produz para prevenir e, tanto quanto possível, diminuir este problema”, realçou o presidente do IPG, Joaquim Brigas.
Já a professora do Politécnico da Guarda e orientadora dos projetos, Elisabete Soares, considerou que estas são soluções de evidente interesse económico, tendo em conta que “Portugal está cada vez mais exposto ao risco de incêndios”.
“Estes estudos são muito úteis para quem gere florestas e as suas limpezas, assim como para as seguradoras, ajudando-as a avaliar o risco e os prejuízos associados às sinistralidades. Há já uma seguradora com interesse nos dados dos projetos, mas acredito que estes também têm utilidade para outras entidades, como a Proteção Civil ou as câmaras municipais”, indicou.
O estabelecimento de ensino superior informou ainda que foi também apresentado, na Conferência Proteger 2023, um “Robô Bombeiro” completamente autónomo, que tem nas suas características “detetar e extinguir fogos”.
Este robô, que nasceu num concurso de robótica e passou a protótipo, pretende “promover a robótica e dar espaço aos alunos para aplicarem em projetos concretos os conhecimentos adquiridos nos cursos de engenharia”.
“O protótipo tem vindo a ser melhorado ao longo destas edições, mas a robótica ainda não responde totalmente bem a cenários mais realistas de pouca previsibilidade. Ainda assim, temos no horizonte desenvolver uma tecnologia que possa ser útil no combate aos incêndios e tenha capacidade para ser usada com fiabilidade no terreno”, sustentou o professor do IPG e coordenador do concurso, Carlos Carreto.
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