A nova missão da NASA está prestes a chegar a Marte e embora o foco esteja no rover Perseverance, que vai fazer grande parte do trabalho científico, a agência espacial norte americana colocou a bordo um pequeno helicóptero que vai realizar uma missão de demonstração, sem qualquer objetivo científico senão provar que é possível voar em Marte e recolher dados sobre o comportamento de uma aeronave noutro planeta.
Mas o que torna a tarefa tão difícil? A atmosfera fina de Marte torna complicado obter sustentação para um qualquer objeto. Como a atmosfera do planeta vermelho é 99% menos densa que a da Terra, o Ingenuity precisa de ser leve, com pás de rotor muito maiores e que giram muito mais rápido do que seria necessário para um helicóptero com a mesma massa na Terra.
O frio é outros dos obstáculos a enfrentar. A cratera de Jezero, onde o rover Perseverance irá "amarrar" com o Ingenuity anexado à sua base pode atingir temperaturas de 130 graus Fahrenheit negativos (90 graus Celsius negativos) durante a noite.
Apesar dos testes na Terra tenha com temperaturas negativas, o frio vai desafiar os limites de muitas das peças do Ingenuity.
O mini-helicóptero pesa apenas 1,8 kg e é composto por quatro pés, um corpo e duas hélices sobrepostas, medindo apenas 1,2 metros de uma ponta à outra de uma hélice.
As hélices giram a uma velocidade de 2.400 rpm (rotações por minuto), cerca de cinco vezes mais rápido do que um helicóptero normal.
Para recarregar as baterias, o Ingenuity está equipado com painéis solares, sendo grande parte da sua energia utilizada para se manter quente na temperatura negativa de Marte, e também pode captar fotografias e vídeos.
Missão com alguma autonomia
A primeira aeronave a estrear o voo em Marte vai fazer a sua primeira tentativa de voo logo depois da chegada ao solo do rover Perseverance , que foi lançado do Cabo Canaveral no verão de 2020 e que chega ao planeta vermelho na próxima quinta feira, dia 18 de fevereiro. O Ingenuity tem um sistema autónomo que lhe permite tomar decisões, cumprir uma rota e manter-se quente, já que não pode ser controlada pelos engenheiros de voo do JPL devido as atraso da comunicação entre Marte e a Terra.
Qualquer informação demora cerca de 20 minutos a chegar ao centro de controle da NASA, e só nessa altura será possível perceber se o Ingenuity conseguiu levantar voo e começar a sua missão.
Está previsto que o Ingenuity realize até cinco voos de dificuldade que aumenta de forma gradual, durante o período de um mês, logo no início da missão. Pode subir até 5 metros de altura, e mover-se até 300 metros, mas não irá tão longe no primeiro teste, adianta a agência espacial.
Cada voo pode durar o máximo de um minuto e meio, “o que não é pouca coisa em comparação com os 12 segundos” do primeiro voo motorizado na Terra, argumenta a NASA.
No futuro, essas aeronaves poderão “marcar o início de uma nova era na exploração de Marte”, disse Bob Balaram, o engenheiro-chefe do projeto, podendo chegar onde os ‘rovers’ não conseguem ir, como, por exemplo, por cima de desfiladeiros.
Também se calcula que este tipo de nave possa recolher amostras depositadas por missões anteriores, como é o caso das amostras que o rover Perseverance vai começar a colecionar na próxima fase da missão Mars 2020.
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