A Bacia do Pólo Sul-Aitken, a maior e mais antiga cratera de impacto na Lua, formou-se há 4,25 mil milhões de anos. A descoberta resulta da análise de amostras de solo lunar recolhidas pela missão chinesa Chang'e-6.

Localizada no lado oculto da Lua, a Bacia do Pólo Sul-Aitken (SPA, na sigla em inglês) é um enorme impacto com cerca de 2.500 quilómetros de diâmetro. Pensa-se que tenha surgido durante um período de intenso bombardeamento de asteroides, que moldou as superfícies dos planetas e luas do sistema solar nos primeiros 500 milhões de anos após a sua formação.

Até agora, a idade exata da cratera permanecia um mistério, com estimativas que variavam bastante, dificultando a compreensão da sua importância na história lunar e planetária.

A missão Chang'e-6 trouxe as primeiras amostras diretas da SPA, possibilitando análises precisas.

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Uma equipa liderada por Chen Yi, do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia de Ciências da China, examinou cerca de 1.600 fragmentos de solo lunar. Entre estes, identificaram 20 fragmentos de norite, um tipo de rocha rica em minerais, que se formaram a partir do impacto que criou a SPA.

Recorrendo a técnicas avançadas de datação isotópica em pequenos minerais de zircão encontrados nesses fragmentos, os cientistas identificaram dois grandes eventos de impacto: um ocorrido há 4,25 mil milhões de anos e outro há 3,87 mil milhões de anos.

As características dos fragmentos mais antigos sugerem que cristalizaram em diferentes profundidades de uma gigantesca piscina de magma gerada pelo impacto que formou a SPA.

Estes resultados marcam um avanço significativo na compreensão da história da Lua. A idade precisa de 4,25 mil milhões de anos serve como um ponto de referência fundamental para calibrar a cronologia de crateras na superfície lunar e, por extensão, no sistema solar.

Sonda chinesa Chang'e 6 descolou hoje da superfície lunar com amostras da face oculta
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Além disso, a descoberta confirma que um evento térmico global, ocorrido há entre 4,35 e 4,33 mil milhões de anos, não está relacionado com a formação da SPA.

A nova informação ajuda a redesenhar a linha temporal da evolução inicial da Lua, oferecendo pistas importantes sobre os processos dinâmicos que moldaram o sistema solar primitivo.