Uma equipa de cientistas da NASA apresentou uma nova explicação para um dos maiores mistérios de Marte: como surgiram as suas duas pequenas luas, Fobos e Deimos? A resposta pode estar na destruição de um asteroide que aconteceu muito próximo do Planeta Vermelho, segundo simulações realizadas com supercomputadores.
Liderados por Jacob Kegerreis, os investigadores do Centro de Pesquisa Ames da NASA usaram o código computacional SWIFT para explorar centenas de cenários possíveis. As simulações sugerem que um asteroide ao passar perto de Marte foi "rasgado" pela forte gravidade do planeta. Este processo teria espalhado fragmentos em várias órbitas em redor de Marte. Enquanto muitos desses pedaços escaparam para o espaço, outros permaneceram em órbita.
A interação gravitacional entre Marte, o Sol e os próprios fragmentos teria provocado colisões entre os detritos, reduzindo-os a pedaços menores e criando um disco de materiais em torno do planeta.
Ao longo do tempo, acredita-se que parte deste disco se agregou, formando as luas Fobos e Deimos. Esta teoria é especialmente prometedora porque explica por que as órbitas das luas são quase circulares e alinhadas com o equador de Marte.
Veja o vídeo de explicação da NASA
Embora existam outras hipóteses para a formação das luas marcianas - como a captura direta de asteroides ou a formação a partir de detritos de uma colisão gigante entre Marte e outro corpo celeste -, esta nova explicação resolve um problema crucial. Fobos e Deimos estão longe do planeta, o que seria difícil de justificar apenas com os materiais de uma colisão gigante.
"A nossa ideia permite uma distribuição mais eficiente de materiais nas regiões exteriores do disco, possibilitando que um asteroide relativamente pequeno forneça os blocos de construção necessários", refere Jack Lissauer, coautor do estudo,
Os resultados, publicados na revista científica Icarus, foram concebidos como um ponto de partida para estudos mais detalhados. O próximo passo é criar simulações que explorem toda a linha do tempo da formação do disco e das luas.
A missão MMX (Martian Moons eXploration), liderada pela agência espacial japonesa JAXA, poderá confirmar estas teorias. A missão recolherá amostras de Fobos para análise na Terra, ajudando a determinar se as luas têm origem asteroidal ou se resultam de uma colisão planetária.
"Compreender como Fobos e Deimos se formaram pode esclarecer os processos que moldaram o Sistema Solar primitivo", concluiu Jacob Kegerreis. Este trabalho não só desvenda os segredos de Marte, mas também abre novas perspetivas sobre a formação de luas noutros planetas, sublinha a NASA.
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