Ter uma aplicação certificada – e popular – na App Store da Apple que funcione no iPhone e no iPod Touch, é meio caminho andado para garantir espaço no ecrã de maiores dimensões do tablet da marca que agora chega ao mercado norte-americano. Mas não garante per si o lugar entre os milhares de aplicações desenvolvidas por um ecossistema de empresas e programadores que criam ferramentas, jogos e outros utilitários para esta plataforma.

Bitzr, Sapo e TECField são algumas das empresas portuguesas que já conseguiram ver as suas aplicações aprovadas pela Apple e que estrearam as ferramentas e jogos ao mesmo tempo que o iPad, como o TeK já tinha escrito no Sábado.

O facto do tablet da Apple não estar ainda à venda em Portugal – nem ter data prevista de lançamento – não é impedimento para nenhuma destas empresas e para as que se estão a preparar para abraçar esta nova plataforma, já que o modelo de negócio se estende além fronteiras.

É o caso do Cube da bitrzr, uma ferramenta de registo de horas e despesas, integrada com o Google Apps, e que recebeu aprovação para iPhone e iPad no dia 2 de Abril, garantindo lugar entre as poucas aplicações criadas em Portugal disponíveis no dia de lançamento do iPad.

[caption]Cube[/caption]

Pedro Morais, um dos fundadores da bitrzr.com, explica ao TeK que a versão Web do Cube está neste momento disponível em inglês, português, espanhol, francês e italiano e que a aplicação para iPhone e iPad está integrada com esta aplicação, fornecida num modelo de SaaS. “Na nossa visão, o futuro dos sistemas de informação empresariais passa pelo
recurso ao cloud computing para reduzir custos de manutenção e potenciar
aplicações modernas e eficientes, com todos os dados corporativos
disponíveis em segurança desde qualquer local; neste cenário dispositivos
como o iPhone, e agora o iPad, irão tornar-se um canal privilegiado de
interacção com estes sistemas”, justifica.

Como ainda não tinham desenvolvido a aplicação para a plataforma da Apple a bitrzr.com optou por criar uma
aplicação universal, optimizada para ambos os sistemas, e conseguiu fazer coincidir o seu lançamento com o do iPad. E os números que têm até agora são bons: o Cube está em 10º lugar na categoria de Business e no Sábado a aplicação foi descarregada 150 vezes, não estando ainda disponíveis os números de ontem.

A empresa já tinha a aplicação no Google Marketplace, com suporte para Android, e também já tinha experimentado lançar algumas aplicações na AppStore “de forma a ganhar experiência com o processo”. A de maior sucesso foi a Birthday Reminders", já vendeu 7000 cópias (das quais apenas 350 em Portugal) e está neste momento nos tops da categoria Lifestyle de 19 países.

A TECField está também a sentir já o impacto da sua aposta na plataforma. O Smuggi é o jogo criado pela empresa de Braga propositadamente para o tablet da marca e foi seleccionado pela Apple para estar presente na abertura da iPad Store, tendo a companhia norte-americana dado a confirmação em finais de Março.

“Foi um mês incrível de desenvolvimentos, ainda por cima em simulador, porque ainda não há iPad, mas valeu a pena”, adiantou João Martinho, director da empresa, ao TeK.

O jogo desenvolvido em Braga está agora disponível para download, e já se encontra na lista TOP 100 de aplicações vendidas para iPad nos Estados Unidos, nas categorias Games/Board Games/Kids.

[caption]smuggi[/caption]

O desafio da Apple foi feito aos melhores developers de todo o mundo que quisessem submeter – até 27 de Março de 2010 – as aplicações para o novo iPad, tendo sido seleccionadas apenas as melhores para figurarem no lançamento oficial do iPad, a 3 de Abril.

A TECField já tinha experiência nas aplicações para iPhone, contando no currículo com a primeira aplicação de uma banda portuguesa, os Mão Morta, que assinala os 25 anos de carreira. E o seu jogo TapBalltambém corre no smartphone da Apple desde o início deste ano, estando a ser peparada a próxima versão para iPad.

João Martinho garante que não é nada complicado ter a certificação da Apple. “Todas as nossas aplicações submetidas à Apple foram aprovadas em questões de poucos dias. O Smuggi, por exemplo, foi aprovado em 1 dia”. Para isso pode valer o facto de terem sido sempre cumpridos todos os critérios e especificações que a empresa envia aos programadores.

Nos próximos três meses a TECField deverá ainda lançar mais três aplicações para o iPhone/iPad, mas para já não adianta pormenores.

O Sapo esteve, tal como a TECField, entre as primeiras empresas com aplicações aprovadas para o iPad, com a Banca Sapo, que dá acesso às primeiras páginas de cerca de 500 publicações de todo o mundo, entre as quais se contam o Le Figaro, El Pais, Folha de S. Paulo, Paris Match, Courrier International, Le Nouvel Observateur, entre outros.

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A informação está organizada por categorias, tal como acontece online no site do SAPOKiosk, e o utilizador pode escolher visualizar a página inteira para ter mais pormenores. No iPhone e no iPod Touch esta aplicação já conta com mais de 32 mil utilizadores, estando disponível desde 2008.

Na lista de empresas interessadas na nova plataforma da Apple há vários nomes portugueses, alguns dos quais fazem já parte da lista dos habituées da AppStore, como a Priberam, Ndrive, a Wit Software e a Inovaworks.

Hugo José Pinto, CEO da Inovaworks Research and Development, adiantou ao TeK que a empresa está a acabar de portar o jogo Dropoly para o iPad, que vai incluir não apenas a natural maior resolução do ecrã, mas também gestos mais amplos que permitem uma jogabilidade mais fácil.

Desde o seu lançamento – em Agosto do ano passado - este jogo esteve durante cerca de três semanas no primeiro lugar do top nacional de aplicações para iPhone mantendo-se no Top 10 durante cerca de dois meses. Ao todo soma cerca de 17 mil downloads da versão paga e gratuita.

[caption]dropoly[/caption]

A empresa tem ainda mais duas aplicações na calha, uma já pronta a lançar, e um novo jogo, mais evoluído do que o Dropoly, garante o CEO da Inovaworks. Exclusivamente para o iPad está também a ser construída uma aplicação de catálogos e menus interactivos para casas de comércio e restaurantes que queiram mostrar aos clientes um menu mais apelativo.

A Priberam é uma das empresas que confirma estar a trabalhar numa nova versão do seu Dicionário para iPad. Carlos Amaral, director geral da empresa, explicou ao TeK que as expectativas são elevadas, sobretudo depois do sucesso da aplicação para iPhone, que teve mais de 12 mil downloads no primeiro mês.

Para além das novas funcionalidades do Dicionário para o iPad, que exploram a facilidade de utilização, legibilidade e autonomia, a Priberam está a estudar outras aplicações para o iPad, mas ainda aguarda alguns desenvolvimentos para as calendarizar. “Alguns deles terão que ser testados exaustivamente no iPad e não nos emuladores já há algum tempo disponíveis para se avaliar correctamente a sua usabilidade”, justifica Carlos Amaral.

Do lado da Wit Software, uma das primeiras empresas portuguesas a abalançar-se no mundo da AppStore, o processo é semelhante. A empresa está a aguardar a certificação da Apple para as novas aplicações para iPad para divulgar mais pormenores, que promete para “dentro de dias”.

Para além destes exemplos apontados pelo TeK, há mais empresas nacionais que podem estar à procura de espaço no ecrã do iPad, algumas das quais já tinham dado provas no iPhone, como a Wizi, ou a WeLove Studios, que contactámos sem sucesso, tal como o programador responsável pelo jogo 3Towers, um dos primeiros desenvolvidos em Portugal para o iPhone.

E é expectável que o número de aplicações com marca “made in Portugal” venha a crescer à medida que aumenta o interesse na nova plataforma da Apple, sobretudo se a empresa de Steve Jobs facilitar no processo de certificação das milhares de ferramentas que já existem para o iPhone e iPod Touch.

Fátima Caçador