O modelo de inteligência artificial generativa da Google está a aprender com a utilização e a evoluir com as necessidades dos utilizadores, e seis meses depois de ter sido apresentado ao mundo quer agora ser mais útil aos utilizadores, com respostas mais diretas às questões, e mais personalizadas com informação que vai buscar ao Gmail, à Drive e ao Docs, se tiver autorização para isso.
Jack Krawczyk, gestor de produto do Bard na Google sublinha que este é o modelo mais capaz de sempre do Bard, e que o objetivo é que se torne num instrumento de verdadeira colaboração, e não apenas uma ferramenta para dar respostas fechadas. Numa conversa com um grupo limitado de jornalistas, onde o SAPO TEK participou, a Google admite que há mais para explorar de forma criativa com estes modelos e que admitir que há dúvidas em relação a algumas respostas pode ser positivo.
O Bard já está disponível globalmente, sem limitações, e a partir de hoje passa a integrar respostas que têm ligações a aplicações e serviços da Google. Com as extensões ao Maps, YouTube, Hotels e Flights já é possível pedir um plano de viagem aos Açores, com respostas de voos em tempo real e um mapa dos locais a visitar.
"A verdadeira magia surge quando combinamos as várias extensões de forma intuitiva, como se estivessemos numa conversa com amigos", defende Jack Krawczyk. A pergunta colocada ao Bard pode ser simples como "mostra-me um mapa dos melhores locais a visitar nos Açores", ou juntar mais de um serviço, como "mostra-me um mapa dos melhores locais a visitar nos Açores, quais são os hotéis mais próximos do Pico e vídeos das melhores caminhadas".
A tecnologia pode ser usada para dar uma ajuda na produção de código específico para alguma funcionalidade, ideias de negócio e de marketing digital e até na preparação para uma entrevista de emprego ou mudança de carreira.
Para além dos serviços da Google, o Bard pode também usar a informação do Gmail, Docs e Drive para recolher informação e dar uma resposta mais personalizada. Para isso é preciso que o utilizador dê autorização e a Google garante que nenhuma informação pessoal é vista por editores humanos, e que os dados não são usados como base da aprendizagem do modelo público do Bard. "Isso faz parte do nosso compromisso de transparência e segurança da informação", garantiu Jack Krawczyk.
"Estamos comprometidos em proteger a sua informação pessoal. Se o utilizador optar por usar as extensões do Workspace, o seu conteúdo do Gmail, Docs e Drive não será visto por revisores humanos, não será utilizado pelo Bard para mostrar anúncios ou para treinar o modelo Bard. E, é óbvio, que o utilizador pode sempre controlar as suas definições de privacidade e decidir como deseja usar estas extensões e pode desativá-las a qualquer momento", explica Yury Pinsky, Director e gestor de produto do Bard.
O objetivo é que o Bard simplifique a navegação entre as várias tabs e serviços e mostre a informação de que precisamos, de forma rápida e mais intuitiva, o que é possível pelas atualizações ao modelo PaLM 2, com tecnologia de machine learning que usa mais informação mas também imaginação e criatividade, elementos que a Google quer continuar a associar ao Bard.
Para já as extensões que estão ativadas de base são todas da Google mas a empresa admite que pode vir a "conversar" com outras aplicações e serviços externos no futuro, mas sem detalhar quais podem ser as integrações.
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Se tem dúvidas, Google it
A possibilidade dos modelos de inteligência artificial generativa terem alucinações, "inventando" informação que não é factual, ou apresentando dados incorretos de forma confiante, tem sido uma das principais criticas à tecnologia e a Google está atenta à necessidade de verificar a informação.
Na versão em inglês a Google melhorou o botão "Google it" para que o utilizador possa usar o motor de busca e verificar as respostas. Os modelos do Bard e do motor de pesquisa continuam separados, com o Bard a usar a pesquisa Google como fonte de informação. Por isso, quando existir uma dúvida, numa afirmação dentro da resposta a um prompt, a frase é destacada e é feita a ligação à pesquisa tradicional em páginas web.
Este é um comportamento diferente dos modelos linguísticos atuais, como o ChatGPT ou o Bing Chat, que dão resposta fechadas de forma confiante, que podem ser questionadas mas que muitas vezes são assumidas como verdades inquestionáveis. O Bard assume a "dúvida razoável" e por isso é também mais interativo, abrindo espaço para mais perguntas e uma colaboração mais intensa, não esquecendo que determinados temas podem ter mais do que uma interpretação e resposta.
O gestor de produto partilhou na conversa com jornalistas um exemplo pessoal. Depois de ter feito um jantar de peixe espada grelhado toda a casa ficou a cheirar a peixe durante vários dias. Perguntou ao Bard como resolver e o modelo sugeriu que desse banho aos seus animais de estimação, mas indicou também dúvidas porque existe a recomendação de que se deve limitar o número de banhos aos animais para que não percam o óleo natural da sua pele. "É um elemento útil para o utilizador decidir o que deve fazer", explica Jack Krawczyk.
Entre as novidades está também a possibilidade de agora partilhar as conversas que tem com o Bard com outros utilizadores, seja um amigo ou família com quem está a preparar uma viagem ou um colega com quem está a fazer um trabalho. Uma conversa de outra pessoa com o modelo de IA generativa pode ser o ponto de partida para novas ideias e por isso há um link público que pode partilhar, como este sobre os melhores cursos de formação em IA generativa em português.
A Google disponibiliza também hoje acesso a novas funcionalidades que só estavam acessíveis em inglês, como a possibilidade de capacidade de carregar imagens com o Google Lens, obter imagens da Pesquisa nas respostas e modificar as respostas do Bard, e que agora podem ser usadas em mais de 40 novos idiomas.
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