A Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) acaba de divulgar uma análise sobre a utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) no sector agrícola nacional, baseando-se em dados estatísticos oficiais de Portugal e outros países da União Europeia.
Segundo aquela associação, apesar do sector agrícola representar 13,7 por cento da população total activa - sem contar com outros sectores que dependem directamente e que estão bastante relacionados a nível económico e profissional com esse sector, como o agro-industrial e agro-alimentar -, a utilização das novas tecnologias pela população agrícola é muito reduzida.
Daqui resulta que a maior parte dos dados estatísticos e estudos sobre o mercado das tecnologias da informação não refiram o sector agrícola, conclui a CAP. Mas, mesmo um dos poucos estudos que integra dados sobre a relação entre as TICs e a população agrícola, o "Inquérito à Utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação pela População Portuguesa", publicado em finais de 2002 pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimento, dá uma imagem muito negra.
Esse documento refere que a percentagem mais reduzida de utilizadores da Internet num grupo profissional é obtida pelos agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas, contando apenas com três por cento de internautas. Comparativamente, salienta a CAP, o grupo de "trabalhadores não qualificados" - de todos os sectores económicos - possui oito por cento de utilizadores da Net, ao passo que o grupo do "pessoal dos serviços e vendedores" obtém uma percentagem de 32 por cento.
De modo a estabelecer uma comparação mais precisa com a situação existente noutro Estado-membro da União Europeia, a CAP refere que num estudo divulgado em Abril de 2002 - relativo a Dezembro de 2001 - pelo National Statistics Public Enquiry Service do Reino Unido sobre a utilização dos computadores no sector agrícola - não incluindo nenhum outro subsector, como por exemplo, as pescas -, conclui-se que 60 por cento dos agricultores britânicos utilizam computador, sendo que, destes, 25 por cento utilizam email e 26 por cento acedem à Internet.
A CAP alerta para a enorme diferença que existe entre a realidade portuguesa e a britânica e nota que representa uma grande taxa de info-exclusão que poderá ter, a médio prazo, graves consequências na competitividade com os outros Estados-membros da União Europeia e no desenvolvimento do sector agrícola e da economia nacional, em geral.
Contactado pelo TeK, Duarte Silvestre, porta-voz daquela organização, referiu que o objectivo desta análise é alertar as suas associadas e respectivos membros para o problema, pelo que neste momento a CAP não tem planeada qualquer acção de resposta a esta situação, encontrando-se ainda a analisar quais as medidas a tomar.
Para a organização, o Estado é, aliás, a entidade mais adequada para agir neste sentido, sendo quem detém mais instrumentos para actuar, como por exemplo o Programa Operacional para a Sociedade da Informação (POSI). De qualquer forma, acrescentou, a CAP encontra-se disponível para colaborar com instituições públicas no combate à info-exclusão, tal como tem feito noutros domínios.
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