Quando se fala no Kinect da Microsoft, a primeira imagem que vem à cabeça é a de um instrumento de jogo da Xbox que permite jogar sem o apoio de qualquer comando. E isso está correto. Mas o Kinect representa muito mais para a tecnologia como David Renton, most valuable player da Microsoft, tentou mostrar durante uma palestra.



Renton trouxe até ao Codebits a segunda versão do Kinect para Windows, um equipamento que tem uma área de aplicação muito mais vasta do que o gaming. O representante da tecnológica norte-americana está atualmente a desenvolver vários programas com o Kinect para a área educativa.



“Os resultados têm sido muitos bons”, explicou David Renton ao TeK, dizendo que a performance dos alunos nas aulas tem melhorado. “Ainda não temos nada sistematizado, mas acredito que mesmo em provas escolares os resultados mais positivos podem sentir-se”, continuou.



Isto porque o escocês usa o Kinect, integrado com alguns jogos, para fazer com que a aprendizagem não seja aborrecida e mantenha os alunos comprometidos com a matéria. Num dos jogos apresentados, os alunos teriam que reproduzir com um braço o número de graus – entre 1º e 360º – que lhe era indicado. Noutro era preciso eliminar com o movimento dos membros superior os números múltiplos de cinco e deixar passar os outros, algo a que se pode chamar de Fruit Ninja da matemática.



Mas não é só no ensino que o Kinect para Windows está a produzir resultados positivos. Também no comércio, no marketing e na área da saúde o sensor de movimento está a ser explorado em múltiplas situações.



Uma delas está relacionada com a fisioterapia. Com a ajuda do Kinect os pacientes podem fazer fisioterapia em casa, e como o sensor também funciona como câmara, é possível que um profissional de saúde analise se o exercício está a ser bem feito.



Outro exemplo dado foi num stand automóvel onde os utilizadores podem explorar uma versão digital de um determinado carro, como abrir a mala e recostar os bancos para perceber com quanto espaço pode contar. Esta ferramenta ajudaria a crescer o número de “microstands” já que não são precisos os carros físicos.

Atualmente existem 400 mil programadores registados junto da Microsoft como developers do Kinect para Windows e estão a ser trabalhados centenas de projetos um pouco por todo o mundo. “Há até quem esteja a usar o Kinect como um sistema de videovigilância que possa ser aplicado às casas”, revelou David Renton, que disse ainda que o Kinect “é uma ferramenta sem limites”.



O MVP da Microsoft não conseguiu definir em qual área o Kinect tem mais valor, nos jogos ou nas restantes aplicações do “mundo real”. O representante preferiu ser mais equilibrado dizendo que é bom para os dois segmentos, desde que devidamente aplicados. “Não estou a ver um jogador de Call of Duty a querer jogar através do Kinect”.



A segunda versão do Kinect para Windows fica disponível durante o verão e traz um rótulo de sensor muito mais poderoso: consegue reconhecer até 25 articulações no corpo humano, até seis pessoas em simultâneo, consegue reconhecer os utilizadores no escuro através de tecnologia de infravermelhos e tem um maior “sentido” de profundidade.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico