Bill Gates previu ontem que a tecnologia vai evoluir muito na próxima década, contribuindo para o aumento da produtividade no que designou de "década digital". O presidente e co-fundador da Microsoft exprimiu simultaneamente o receio de que as falhas e os erros poderiam fazer com que a tecnologia se voltasse contra aqueles que era suposto servir.



Este discurso teve lugar na sessão de abertura da edição de 2001 da COMDEX Fall, uma das maiores feiras da indústria informática nos Estados Unidos que abriu ontem as portas em Las Vegas e que se vai prolongar até sexta-feira. Segundo a agência Reuters, Gates reconheceu que os PCs não funcionam muito bem, prometendo de seguida que iria alterar a situação durante os próximos dez anos.



O também Chief Software Architect da Microsoft previu que a tecnologia irá convergir e evoluir de tal forma que o utilizador já não terá que se preocupar com ela, passando a concentrar-se, assim, no que quiser fazer. Desta forma, como resultado, a economia poderia sofrer um grande impulso.



Na sua opinião, o actual "processo laborioso" de resolver problemas informáticos, as incompatibilidades entre programas e as dificuldades de utilizar de facto inovações, como o software da Microsoft para "encontros virtuais" na Internet, tudo isto "tem que ser muito mais fácil do que é hoje".



Por isso, Gates prevê que dentro de cinco anos, a forma mais popular de computador será o Tablet PC, que a Microsoft e outros fabricantes de hardware vão lançar no final do próximo ano e que consiste num notebook sobre o qual os utilizadores podem escrever notas e diagramas, como se estivessem a desenhar em papel.



De seguida, mostrou também alguns protótipos de aparelhos deste tipo, que anunciou no ano passado na anterior edição da COMDEX Fall (ver Notícias Relacionadas). A Microsoft lançou há cerca de cinco anos um computador em forma de bloco, mas que não foi bem sucedido. Segundo refere a companhia, isso deveu-se ao facto de o hardware e o software disponível na altura ter sido insuficiente.



Gates também demonstrou a consola de jogos vídeo XBOX que vai ser lançada quinta-feira, dia 15, nos Estados Unidos, e que vai representar a entrada da Microsoft neste mercado tecnológico, um dos que tem sobrevivido melhor ao longo da presente recessão económica. Apesar do seu cenário optimista, afirmou, porém, que ainda iria demorar alguns anos até que as redes domésticas sem fios e a Internet em banda larga chegasse à maioria dos lares norte-americanos.



Segundo dados referidos por Bill Gates, o Windows XP já vendeu o dobro das cópias nas duas primeiras semanas de lançamento do que qualquer anterior versão do sistema operativo da Microsoft no mesmo período de tempo, atingindo o número de sete milhões de licenças.



O presidente da Microsoft acrescentou ainda que "nós não queremos que os nossos sistemas digitais tenham vulnerabilidadades que possam permitir que ocorram tragédias", referindo-se desta forma, indirectamente, aos aviões sequestrados em 11 de Setembro que atingiram Nova Iorque e o Pentágono. Desta forma, prometeu uma segurança reforçada nos programas da Microsoft - os alvos preferidos de hackers que entre outras aplicações, utilizam o Outlook para propagar automaticamente vírus informáticos.



De facto, os acontecimentos que ocorreram há dois meses estão a afectar esta edição da feira. Apesar de se prever que entre 125 a 150 mil pessoas visitam a COMDEX esta semana, esse número de visitantes irá ser cerca de 25 por cento inferior ao dos da edição de 2000. Quem quiser entrar na feira terá que ser revistados e passar por uma série de detectores de metais - semelhantes aos dos aeroportos. Prevê-se que os temas com maior destaque sejam a segurança e as redes sem fios.



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