Com quase 30 anos de Apple, Jony Ive foi o principal criativo da gigante tecnológica, como diretor de design dos principais produtos que afirmaram a liderança da empresa. Das suas mãos saíram os designs dos icónicos iPhone, iPad, MacBook e Apple Watch. Em 2019, o britânico, que tem título de “Sir”, fundou a LoveFrom, uma empresa de design com uma equipa de 50 elementos. A própria Apple tornou-se cliente para continuar a receber o seu contributo, mas também empresas como a Ferrari ou a Airbnb.

A LoveFrom e a OpenAI, a dona do ChatGPT, têm um namoro que já é antigo. Sam Altman, o líder da empresa de IA já estava a trabalhar com Jony Ive e a viúva de Steve Jobs, Laurence Powell Jobs, num projeto secreto desde 2023, embora só no ano passado fosse revelado: dispositivos de inteligência artificial que pretendem executar tarefas que os smartphones não fazem. A única coisa que se sabia é que se tratava de hardware, daí o envolvimento da mente criativa do designer, que não seria um smartphone.

No comunicado, que mais parece um poema, dá a conhecer que Jony Ive criou há cerca de um ano, uma nova empresa chamada io, para se dedicar a esta nova família de produtos, que requer o desenvolvimento, engenharia e fabrico. A Jony Ive juntaram-se outros nomes como Scott Cannon, Evans Hankey e Tang Tan, que tinham sido companheiros de design nos tempos da Apple.

Jony Ive e Sam Altman
Jony Ive e Sam Altman Jony Ive e Sam Altman Créditos: OpenAI

Esta nova startup reuniu os melhores engenheiros de hardware e software, assim como tecnologistas, físicos, cientistas, investigadores e especialistas em desenvolvimento e fabrico de produto. “Muitos de nós trabalhámos juntos de forma próxima durante décadas”.

Investimento de 6,5 mil milhões de dólares na startup io

A parceria entre Jony Ive e Sam Altman já está vinculada e imortalizada com fotografia digna de um álbum de família. Mas o que a OpenAI não diz é que avançou com uma proposta de compra da própria startup do designer, a io. A Bloomberg avança que a OpenAI vai comprar a startup por 6,5 mil milhões de dólares, paga totalmente com ações. Este será o maior investimento que a dona do ChatGPT já fez.

A confirmação chega em forma de entrevista com a agência noticiosa, levando Jony Ive a afirmar que “tenho sentido que tudo aquilo que aprendi nos últimos 30 anos levaram-me a este lugar e a este momento”, apontando que esta relação com Sam Altman e a forma de trabalhar juntos “vai dar origem a produtos, produtos, produtos”.

Sam Altman e designer do iPhone estão a trabalhar em equipamentos de IA. E não são smartphones
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O ex-designer da Apple tinha uma relação muito próxima com Steve Jobs, tendo sido considerado o seu "parceiro espiritual", e depois da sua morte continuou ligado profissionalmente com a sua viúva. E os elogios surgem do outro lado, do patrão da OpenAI, afirmando que Steve Jobs estaria orgulhoso com esta decisão de Jony Ive.

Numa nota atualizada sobre o que se está a passar na OpenAI, Sam Altman diz que estão a criar um produto a um nível de qualidade que “nunca aconteceu antes no hardware de consumo”.

A consumação do “casamento” entre as duas empresas é esperada no verão, depois do negócio se aprovado pelos reguladores. A Bloomberg diz que a aquisição da io vai conceder à OpenAI cerca de 55 engenheiros de hardware e software, assim como especialistas em produção. E que os primeiros produtos vão ser um novo tipo inovador, tendo estreia prevista para 2026.

Uma informação importante é que Jony Ive vai manter-se independente, assim como a sua empresa principal LoveFrom. No entanto, será o próprio a assumir a liderança do design das aplicações do hardware e software da OpenAI. A LoveFrom vai continuar a relação que tem com a Ferrari e a Airbnb, mas é avançado que não vai aceitar mais nenhum cliente grande. Quanto à nova equipa de hardware da OpenAI vai ser supervisionada por Peter Welinder, que assume o cargo de vice-presidente do produto a reportar a Sam Altman.

Que produtos podem ser lançados?

Não se sabe qual é o produto inteligente que terá um design da mente do iPhone, mas está a surgir uma forte tendência nos robots humanoides, que muitos apontam como a próxima revolução industrial. A utilização da inteligência artificial, como neste caso o ChatGPT, como o cérebro dos robots tem melhorado o seu treino. O patrão da Nvidia já mostrou as suas cartas e aposta muitas fichas nesta tecnologia, projetando tratar-se de uma indústria que vai valer biliões de dólares. E depois há a notícia dos avanços que a China tem mostrado, onde pretende utilizar os robots nas fábricas, alavancados pela DeepSeek. Isto significa que a inteligência artificial está cada vez mais a tomar uma forma física, afirmando que os agentes de IA são “essencialmente robots digitais”, capazes de perceber e planear.

Nesta área da robótica, os Estados Unidos parecem estar a ficar para trás, com a Tesla a mostrar os mais recentes avanços do seu Optimus, que já dança. Mas tirando a aposta no design, nada se sabe se a OpenAI tem alguma parceria adicional com especialistas em robótica, o que pode significar que os mesmos estão a ser criados internamente.

Por outro lado, os óculos inteligentes são wearables que começam a surgir com alguma evolução interessante, aliando a moda com a utilidade da inteligência artificial. Neste caso, a Meta tem mantido maior visibilidade com a linha Ray-Ban e até anunciou recentemente novos modelos, com capacidade de traduções em tempo real. Também não ficaram descartadas as possibilidades de serem equipados com reconhecimento facial. Mas também já se fala que a Apple está a produtor a próxima geração de chips focada na inteligência artificial, com enfoque nos óculos inteligentes.