A decorrer desde terça-feira em Nova Iorque, a LinuxWorld Expo 2003 encerrou ontem as portas após três dias
de lançamento e exibição de novos produtos, bem como de várias conferências
relacionadas com o presente e o futuro do sistema operativo. O Linux é hoje a
principal ameaça à Microsoft e está prestes a ultrapassar as versões do
Unix no mercado de servidores empresariais, de acordo com várias empresas de
estudos de mercado.

O sinal mais evidente que o Linux se tornou ao longo dos seus 12 anos de
existência numa tecnologia massificada, pelo menos no segmento empresarial, é
o facto de executivos de algumas das maiores companhias do mundo que
adoptaram o Linux terem pautado as suas apresentações neste evento por um
discurso pragmático, salientando apenas os benefícios que representa em
termos de poupança de dinheiro e de ganhos de flexibilidade.

Até mesmo a Microsoft decidiu este ano deixar de lado as suas tácticas mais
radicais para adoptar uma estratégia mais silenciosa. Em vez de contar com
executivos que realizam discursos contra o que a empresa considera ser os
perigos do software livre e a sua filosofia inerente de negar a
existência de direitos de propriedade intelectual, a gigante de
software optou por participar com um expositor com vista a salientar
os benefícios das suas aplicações empresariais.

No geral, o discurso dos principais oradores da LinuxWorld Expo pautou-se pela
rejeição da ideia popular de que o software open-source está
inerentemente associado a modelos inviáveis de negócio, acentuando antes as
receitas potenciais ou as economias de custos que podem ser realizadas com a
adopção do Linux.

A IBM, que utilizou a
apresentação do actual presidente e director executivo Sam Palmisano na
edição de 2001 como uma oportunidade para anunciar o investimento de mil
milhões de dólares no Linux, afirmou que já assegurou o retorno dessa verba.
Segundo a companhia, o Linux representou 1,5 mil milhões de receitas em 2002
e o seu negócio baseado nesta plataforma é, em geral, lucrativo.

Steve Mills, vice-presidente sénior e exectivo da divisão de software
da gigante de informática, afirmou que a IBM prevê que o
Linux irá continuar a crescer enquanto factor gerador de receitas para a
companhia e que as despesas com esta plataforma deverão aumentar a uma média
anual de 35 por cento até 2006.

Isto deve-se ao facto de a oportunidade que o Linux oferece não residir tanto
na tecnologia em si, mas nos serviços e produtos que suportam essa
tecnologia, como hardware, suporte técnico, servidores e formação.
Outra empresa que também viu os seus investimentos no sistema operativo gerarem um resultado positivo foi a Hewlett-Packard. Segundo a sua directora-executiva, Carly
Fiorina, o Linux representa agora dois mil milhões de vendas da maior
fabricante mundial de PCs, quando há apenas cinco anos não tinha nenhum peso
na facturação da HP.

Por seu lado, a empresa de estudos de mercado International Data Corp. (IDC) estima que o número de
instalações do Linux aumentou 35 por cento no ano passado, apesar dos
orçamentos empresariais em tecnologias de informação terem registado na maior
parte dos casos um crescimento nulo ou mesmo negativo. No início deste mês, o
banco de investimento Goldman
Sachs
divulgou o relatório intitulado "Medo do Pinguim", referindo-se à
mascote do Linux, em que se previa que o sistema Linux em servidores Intel
deverá emergir como a plataforma dominante nos data centers
empresariais.

Quem seguiu o caminho da migração para o sistema open-source foi a
corretora e banco online E*Trade, que no ano passado adquiriu 160 servidores Intel, tendo convertido dois
terços do seu data center para Linx, substituindo os sistemas Unix, na
sua maior parte da Sun
Microsystems
. Segundo a empresa, esta decisão representou uma economia de
cerca de 13 milhões de dólares em despesas com data centers, incluindo
manutenção, depreciação e taxas de licenciamento de software. Para
além disso, a diminuição nos custos do hardware, com a passagem de
máquinas Unix de 200 mil dólares para servidores Intel de quatro mil dólares,
foi bastante grande.

Contudo, as migrações rápidas para Linux são ainda uma excepção, sobretudo no
caso de grandes companhias com quadros de programadores habituadados a
escrever código para outros sistemas operativos. Um exemplo de uma atitude
mais cautelosa é o banco de investimento J. P. Morgan Chase, que
começou a utilizar de um modo experimental clusters de servidores
Linux como um ambiente informático de elevado desempenho para realizar
análises de risco em grandes quantidades de dados relativos ao mercado.
Actualmente, o banco está a testar a utilização de sistemas Linux para novas
aplicações e em casos em que hardware obsoleto tem que ser substituído.

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