O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público queixa-se da falta de receptividade do Ministério da Justiça aos pedidos de auditorias de segurança ao Citius para apurar a origem de entradas estranhas no sistema.

João Palma garante que muitas vezes quando os magistrados estão a trabalhar no sistema recebem nota da entrada de outros utilizadores que não é possível quantificar ou identificar e considera a situação uma "devassa completa dos processos".

Em declarações ao i o magistrado mostra-se preocupado com estas entradas e saídas "sem deixar rasto" e com o acesso que isso pode representar a processos que estão em segredo de justiça, a partir dos 25 mil terminais do ministério que correm a aplicação em rede. Garante ainda que os pedidos de auditoria de segurança feitos ao ministério "nunca foram atendidos".

Ao mesmo jornal a tutela esclareceu que são realizadas "verificações periódicas de segurança e funcionalidade" e adianta que os magistrados não são obrigados a usar o Citius em processos abrangidos pelo segredo de justiça.

Nas críticas do sindicato dos magistrados inclui-se ainda o facto do Citius ser gerido através da a Direcção-geral da Administração da Justiça (DGAJ). "É o mesmo que os tribunais terem acesso a informação confidencial do governo", compara João Palma.

A lentidão do sistema é outro aspecto criticado pelo sindicato dos magistrados e também pelo sindicato dos juízes, que estima um incremento de 114 por cento no tempo gasto a despachar processos desde que é usada a plataforma electrónica.

O ministério, por seu lado, acusa os magistrados de resistência à mudança e garante que a maioria dos utilizadores do Citius consegue trabalhar no dia-a-dia sem problemas.

Esta não é a primeira vez que juízes e magistrados apontam falhas ao sistema. O ministério de Alberto Costa, por seu lado, vai apresentando números que mostram a crescente evolução da plataforma.