Os modos inteligentes (Smart Modes na versão original) são uma das faces mais visíveis da colaboração entre a Lenovo e a Intel e que resulta nos computadores Lenovo Aura Edition, que foram apresentados no início do mês e integram já os novos processadores com Inteligência Artificial conhecidos como Lunar Lake. Mas este é ainda um primeiro passo de uma transformação no mercado de computadores pessoais e que faz cada vez mais a ligação entre o hardware e o software, com sublinharam Luca Rossi, Presidente do Lenovo Intelligent Devices Group, e Michelle Johnston Holthaus, EVP and GM of Client Computing Group da Intel, numa mesa redonda à margem da apresentação dos produtos na IFA.

A integração de tecnologia de Inteligência Artificial nos computadores pessoais está avançar com o Copilot+ e as estimativas apontam para que, até 2027, 60% dos PCs sejam compatíveis com IA. Os novos processadores da Qualcomm, AMD e Intel respondem às especificações e a Microsoft está a adicionar funcionalidades ao Windows 11, que vão chegar em atualizações gratuitas já em novembro, mas as próprias fabricantes estão a desenvolver ferramentas inteligentes para se conseguirem diferenciar. Neste campo a Lenovo está a trabalhar em parceria com a Intel no projeto Aura Edition, que já leva dois anos de desenvolvimento conjunto e que se materializa nos novos portáteis ThinkPad X1 Carbon Gen 13 e Yoga Slim 7i Aura Edition.

Luca Rossi admite que o mercado de PC "tem cada vez mais complexidade" e que as fabricantes de PCs "vão ter de desenvolver mais músculo e investir mais no software para se diferenciarem". "Temos centenas de engenheiros a desenvolver software e pequenos modelos [de IA] com muita personalização", explicou aos jornalistas.

Para já os Modos Inteligentes são a parte mais visível do desenvolvimento, com a agregação de várias funcionalidades no modo de Proteção, Atenção, Colaboração e Bem estar, assim como as definições de desempenho e modo de energia, a que se juntam a partilha inteligente entre o PC e os smartphones, e o Smart Care para apoio personalizado. Mas a Lenovo e a Intel não querem ficar por aqui e Luca Rossi diz que "há muita inovação a chegar", prometendo novidades já para outubro. "A Aura Edition está só a dar os primeiros passos", afirma.

Para o executivo da Lenovo, neste momento o hardware está a liderar a inovação na integração de IA nos computadores, e está mais avançado do que o software. "Estamos num momento similar ao que aconteceu quando o telemóvel e transformou no smartphone", afirma, admitindo porém que nos PCs há ainda caminho a fazer para a Inteligência Artificial se tornar mais útil.

Durante a mesa redonda, Michelle Johnston Holthaus não poupou elogios à Lenovo e ao trabalho desenvolvido na parceria. "A Lenovo é uma empresa que está sempre a esticar os limites da inovação e a apostar na experimentação. Foi uma das fabricantes que mostrou interesse e capacidade de investir em software", afirma, destacando que esta é uma forma de diferenciar a oferta. "Podem ter o mesmo silício mas o que fazem com ele é que faz a diferença e o Aura Edition mostra isso mesmo", justifica a executiva da Intel.

"A Intel não fez processadores específicos para a Lenovo, mas o fabricante pode adicionar engenharia e software para adicionar mais valor ao utilizador", defende Luca Rossi.

O investimento em I&D na componente de engenharia, a par com o software, foi destacado por Luca Rossi que garante que desta forma a Lenovo está preparada para trazer mais inovação ao mercado. Ainda assim a fabricante de PC está a trabalhar também com a Qualcomm e a AMD, e a Microsoft na integração com o Windows, e anunciou vários computadores Copilot+ num evento à margem da IFA 2024 que já integram os novos processadores, incluindo o novo Snapdragon X Plus de 8 núcleos que coloca pela primeira vez estes equipamentos na fasquia abaixo de 1.000 euros.