A Gartner acaba de lançar o seu último estudo sobre tecnologias emergentes. O Hype Cycle for Emerging Technologies 2020, é um estudo que incide sobre as tendências tecnológicas que deverão impactar a forma como a sociedade se vai desenvolver ao longo da próxima década e a lista deste ano inclui, por exemplo, as aplicações de monitorização que têm vindo a ser lançadas como instrumentos de combate à disseminação do coronavírus.

Neste último ano, a empresa identificou cinco tendências principais. A arquitetura composta é a primeira. Este sistema consiste na construção de uma plataforma flexível, não só capaz de comportar funcionalidades que respondem às necessidades de uma empresa, mas também de as eliminar e substituir, consoante as transformações socioeconómicas vão ajustando a procura.

Em suma, falamos de um design modular, eficiente, contínuo e adaptável, implementado ao longo de toda uma organização, que permita um ajuste imediato ao contexto. Esta necessidade torna-se mais premente face a uma pandemia que, como temos visto, tem demonstrado força suficiente para alterar, estruturalmente, os hábitos dos consumidores. A inteligência artificial integrada é uma das tecnologias que está contemplada nesta categoria.

Uma segunda tendência passa pelos algoritmos de confiança. A quantidade de notícias falsas, imagens e vídeos manipulados, sistemas de inteligência artificial tendenciosos e a crescente exposição dos dados pessoais dos utilizadores está a fazer com que as empresas abdiquem das equipas centrais de gestão para darem lugar a algoritmos. Esta é uma forma automática de assegurar a privacidade e a segurança dos dados, bem como a fiabilidade dos conteúdos e das identidades dos utilizadores.

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Esta técnica pode ser usada para comprovar a identidade dos elementos de uma blockchain, por exemplo, uma vez que esta serve apenas para acompanhar e registar o circuito dos conteúdos que por ela passam. Caso um conteúdo falso seja adicionado como legítimo, a blockchain continuará a verificá-lo como verdadeiro com base no seu valor de entrada. Esta tendência pode tornar as blockchains mais eficazes nesse sentido, ao dar-lhe uma nova funcionalidade.

A substituição do silicone é a terceira tendência. O material está a chegar ao seu limite, no que diz respeito à sua utilização num circuito. A Lei de Moore, teorizada em 1965, previa que o número de transístores possíveis, num dado circuito, duplicasse a cada dois anos. No entanto, o estado da tecnologia está perto de atingir o ponto físico de rotura do material, pelo que este está já a ser substituído em algumas experiências.

O carbono é um dos materiais que pode substituir o silicone, mas há testes mais ambiciosos a serem conduzidos. Com a ajuda da bioquímica, testa-se hoje o armazenamento em cadeias de ADN. A tecnologia ainda está numa fase embrionária e existem várias barreiras a derrubar, antes desta fazer parte de uma solução tecnológica comercialmente viável.

A quarta tendência passa pela inteligência artificial formativa. Esta difere da comum porque pode transformar-se e adaptar-se a uma dada situação. Estas soluções são capazes de gerar conteúdo, alterar imagens e/ou vídeos, descobrir novas terapêuticas para o tratamento de doenças, criar obras de arte, etc. A ideia passa por explorar as capacidades desta solução "mutante", uma vez que esta não depende de uma forma estática para agir. Em vez disso, a IA tenta formular respostas novas a problemas nunca antes vistos.

A última tendência é o "eu digital", que contempla os passaportes digitais de saúde que, hoje, milhões carregam no bolso, como medida preventiva conta o coronavírus. No entanto, o "eu digital" também é sobre autenticação, verificação e exoesqueletos - na verdade, sobre tudo o que nos replica, substitui ou amplia no universo digital e eletrónico, enquanto pessoas.

As aplicações das tecnologias que estão albergadas por esta categoria ainda levantam algumas questões éticas. Fala-se, por exemplo, dos estímulos para aumentar a produtividade de um colaborador menos motivado ou cansado ou da utilização de técnicas par alterar a disposição de um professor irritado.