O Governo do Brasil está a delinear um conjunto de medidas para proceder à substituição gradual do software proprietário Microsoft, por software livre, numa tentativa de gerar poupanças de custos e reduzir a burocracia na sua Administração Pública. Segundo contas do próprio Governo são gastos anualmente 34 milhões de dólares em licenças de software, um valor considerado exagerado tendo em conta os princípios e a política definida pelo novo presidente do país, Lula da Silva.



A mesma decisão tomaram já os Governos da China, Japão e Coreia do Sul que em Setembro último lançaram uma campanha incentivando a criação de um sistema operativo aberto, para competir com o windows. No caso do Brasil, a primeira medida proposta pelo Governo incentiva a que os diferentes ministérios e agências federais deixem de adquirir computadores com sistema operativo Microsoft.



Enquanto isso, o Instituto Nacional de Tecnologias da Informação (INTI) tem em marcha um programa piloto cujo objectivo é perceber que programas, sistemas e bases de dados podem adaptar-se a soluções livres de licenciamento, baseadas em open source.



Para já, as agências governamentais têm liberdade para escolher Linux ou não, embora sejam incentivadas a identificar áreas especificas onde seja possível passar a utilizar aquele software, adianta uma notícia da Reuters.



O INTI pretende não só contribuir para a redução das despesas em software, mas também para equilibrar os valores de exportação e importação de software, aumentando o peso do software produzido no Brasil. Dados da Softex (uma entidade para a promoção do software brasileiro) estimam que o país importe mil milhões de dólares a mais, que o valor exportado em 2001.



Dos planos do Governo de Lula faz também parte estender o uso do computador às famílias de baixos e médios rendimentos. Uma das medidas propostas pelo programa do Governo passa pela disponibilização de Internet nas escolas públicas. Um objectivo que no próximo ano deverá cobrir 10 por cento das escolas brasileiras, as quais poderão já utilizar software Linux.



Consultada pela Reuters, a Microsoft Brasil considerou que os planos do Governo não deverão afectar as vendas do gigante naquele país. A subsidiária brasileira revelou ainda que em 2002 a companhia realizou vendas de 300 milhões de euros no Brasil, através dos seus parceiros. Deste valor, 6 por cento referiu-se a compras efectuadas pelo Governo.



Ainda assim, a Microsoft, cujo sistema operativo chega a 90 por cento dos computadores existentes em todo o mundo, tem mantido contactos com o Governo brasileiro no sentido de o sensibilizar para os custos de suporte mais elevados do Linux. A agência Reuters garante que a Microsoft está a preparar uma proposta para apresentar ao Governo de Lula da Silva com descontos significativos, face aos preços do mercado.



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