Nos últimos 24 meses, a IBM apostou em força na capacidade de melhorar o suporte para plataformas de computação assentes em ambientes de cloud híbrida ou multicloud, que centram a visão da fabricante em relação à jornada das empresas para a cloud. Entre aquisições e melhoria de soluções internas, a IBM deu robustez aos seus Cloud Paks, que ajudam as empresas a fazer esta jornada de transição para a cloud, e esta terça-feira mostrou algumas peças-chave nesta oferta.
Num webinar que abordou desafios e mostrou respostas em três pontos críticos da jornada para a cloud, gestão de operações, automação e integração, a IBM partilhou também alguns dados que ilustram a complexidade dos ambientes atuais.
Como lembrou Giovanni Rafael Vuolo, Hybrid Cloud Technical Specialist da empresa, as organizações estão hoje ainda a processar os efeitos de um salto tecnológico de 10 anos, que mais do que duplicou - passando de 16% para 34% - o número de canais de negócio convertidos em digitais, só entre 2019 e 2020 (dados McKinsey). Uma transformação que, para mais de 80% das empresas, se converteu num portefólio de mais de mil aplicações para gerir (IDC), num contexto de crescente escassez de recursos humanos qualificados e treinados para poder responder a esta mudança.
Num mundo dos negócios cada vez mais “movido” a aplicações, um atraso de um segundo sai caro, referem os dados apontados pelo mesmo responsável. Pode ser o suficiente para fazer cair em 16% os índices de satisfação do cliente. Automatizar e otimizar são a chave para gerir melhor esta complexidade e têm sido áreas de aposta da IBM no reforço de recursos dos seus Cloud Paks.
Rafael Vuolo mostrou duas ferramentas integradas recentemente nesta oferta (AIOps), orientadas precisamente para a monitorização e gestão automatizadas de performance. Com a tecnologia da Instana, a IBM passou a integrar na oferta uma plataforma que traz visibilidade em tempo real sobre todas as aplicações e que, perante um incidente, apresenta correlações com serviços e infraestruturas de suporte, para além de permitir fazer o mapeamento de todos os recursos naquele ambiente TI.
Num ambiente intuitivo e por meio de dashboards, Rafael Vuolo demonstrou em poucos “clicks” como é possível consultar todo o tipo de informação sobre um determinado incidente e eventos relacionados, para mais facilmente detetar a origem e os impactos e agir em função disso.
A segunda solução demonstrada também resulta de uma aquisição recente: a Turbonomic. Esta plataforma analisa métricas de diversas fontes à procura de oportunidades para introduzir melhorias de performance nos recursos de computação disponíveis. Dá visibilidade sobre todos os sistemas, mostra todos os recursos solicitados e quem pode fornecê-los e. Com base em IA, sugere ações de realocação de recursos, eliminação de lixo ou outras.
Também neste caso, a interface é intuitiva e permite consultar em diferentes dashboards, as métricas apuradas e as ações recomendadas. A partir desta ferramenta, o utilizador pode ainda consultar os custos atuais do funcionamento do sistema e saber quanto pouparia com ações de otimização recomendadas, que podem ser manuais ou automatizadas, demonstrou também Rafael Vuolo.
No universo deste pacote de soluções está combinada uma oferta integrada, desenhada para ambientes híbridos e multicloud, mas que é também modular e independente, para permitir que as empresas avancem na sua jornada para a cloud com a receita mais adequada ao seu perfil, uma lógica que se estende a toda a oferta Cloud Pak. Estas duas ferramentas (Instana e Turbonomic) refletem essa mesma independência e podem ser usadas de forma complementar, ou isoladamente.
Automação de processos de negócio
No webinar, a IBM também deu espaço ao Cloud Pak for Automation, que integra soluções para ajudar as empresas desde a identificação de processos e tarefas a “transformar”, passando pela automatização de processos simples e complexos, até alcançar completamente um cenário de fluxos de trabalhos inteligentes, com o apoio de diferentes tecnologias, como a IA.
Na Administração Pública servem dois ministérios. O primeiro usa estas soluções IBM de forma transversal a todo o ministério, com múltiplos repositórios que permitem serviços partilhados. Noutro, as tecnologias de BA estão a ser usadas para gestão e tramitação de processos, em parte feita durante o atendimento ao cidadão e, como tal, de forma descentralizada, revelou Bruno Ferreira, Head of Business Automation Unit, da PDM&FC, parceira de implementação da IBM nessa área.
Do sector privado ficaram exemplos de utilização da tecnologia IBM para migração de dados não estruturados, como o de um projeto que permitiu a passagem de 500 milhões de documentos para a cloud e posterior processamento em IBM Watson, para disponibilização futura em pesquisas contextualizadas.
As atualizações mais recentes do pacote de ferramentas, como explicou Mário Leal, IBM Automation CTP da IBM Portugal, refletem a aposta crescente da empresa em ferramentas no-code, para permitir que utilizadores não técnicos possam cada vez mais criar fluxos de atividade (configurar serviços de automação).
Permitiram também a integração de um novo task model, que leva mais longe a criação de modelos de decisão de forma rápida e no code - já era possível agora abarca tarefas mais complexas. Na demonstração de novas funcionalidades a este nível, durante o evento, foi possível acompanhar uma empresa de retalho a criar um modelo automatizado para a gestão de devoluções. Destaque também para a introdução recente de um novo algoritmo, que permite extrair a informação necessária de documentos com caraterísticas especiais, como os documentos de identificação.
Integração deve estar no centro da agenda na migração para a cloud
Este IBM Technology in Action centrou-se também nos desafios e soluções de integração da IBM para apoiar a jornada para a cloud e permitir, por exemplo, a ligação das aplicações que as empresas migram para clouds públicas, com os sistemas mais legacy que permanecem nos seus data centers.
Com a cloud, os desafios de integração que se colocam às empresas mudaram e as soluções de suporte também, como frisou Mário Leal.
“Hoje em dia já não é necessário ter aquela plataforma de integração monolítica e centralizada, há que ter soluções mais granulares que façam face aos novos ambientes cloud native de containers com microsserviços”, sublinha Mário Leal.
O Cloud Pak da IBM para a integração posiciona-se aí, com um leque alargado de ferramentas, onde se inclui o API Connect, uma plataforma de API management que permite disponibilizar serviços através de APIs, que já é usada por nove clientes em Portugal. Um deles é a EDP (os outros nomes revelados foram os CTT e a SIBS). Tiago Sousa, Team Leader de Integração da Digital Global Unit (DGU) do grupo, passou precisamente pelo evento para explicar a importância do tema e como é abordado por um grupo que já tem presença em 27 países.
O responsável explicou que o Integration Competency Center (parte da DGU) é a estrutura responsável no grupo pela definição e harmonização da arquitetura de referência de interação em toda a EDP. Os 26 membros da equipa participam em todas as iniciativas do grupo que envolvam integração de plataformas, como forma de garantir uma maior agilidade de ação. Explicou que a boa governação da camada de integração tem sido uma prioridade da EDP, de forma a compreender como comunica cada aplicação e que dados troca, mantendo regras restritas ao nível da performance. “A maior parte do volume de dados passa pelas camadas integradoras e isso dá-nos a obrigação de trabalhar na performance de todos os sistemas”, explicou Tiago Soares. Nas prioridades da empresa a este nível têm também estado a segurança, resiliência, inovação e automação e os resultados da aposta são claros e positivos.
As premissas têm valido estabilidade e recordes de uptime em diferentes plataformas (mais de três anos e 10 meses numa das principais plataformas), ou a capacidade de agir rapidamente em situações de risco elevado. Quando há cinco anos a empresa sofreu um ataque informático, por exemplo, em cinco minutos conseguiu parar os fluxos de informação entre aplicações. Valeu o sistema de governo da camada de integração e o facto de ter um repositório centralizado de informação para cada integração.
Esta aposta, adiantou ainda Tiago Soares, traduz-se também em eficiência e redução de custos, pelo impacto dos elevados níveis de automação, que permite por exemplo libertar recursos de tarefas relacionadas com a documentação e assegurar todas as tarefas de testes.
Como sublinhou Marco Emídio, Integration Architect da Timestamp, uma das empresas parceiras da IBM nesta área, “a integração deve ser um requisito estrutural na migração para a cloud” e não deve ser entendido pelas empresas como um aspeto menos relevante, porque os custos podem ser elevados. Do ponto de vista da tecnologia, as atualizações vão aprimorando as ferramentas disponíveis.
No caso do IBM Cloud Pak for Integration, as novidades mais recentes destacadas durante o evento passam pela agilização na integração de aplicações em plataformas de eventos sem exigir aí alterações de fundo ou a geração automática de testes, com ajuda da IA, para testar exaustivamente todas as possibilidades de erros antes da API chegar ao cliente final. Ao nível da integração aplicacional destacam-se novidades como o Business Transactions e no messaging, a adição dos streaming Queues.
Veja o vídeo completo do Webinar
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