No discurso realizado na Cimeira da IA que está a decorrer em Paris, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou o compromisso da Europa com a tecnologia de inteligência artificial. Começou por destacar de como a Europa é um dos maiores mercados digitais no mundo, com foco em produtos de excelência e seguros que são entregues todos os dias, entre os medicamentos, aviões, automóveis, sistemas de telecomunicação, etc.

Salientou o papel da Europa na distribuição de energia limpa e no contributo dado na entrega de vacinas para ajudar a retirar o mundo da pandemia de COVID-19. O próximo passo é a inteligência artificial, aproveitando a presença dos líderes tecnológicos na Cimeira, para reforçar o empenho da Europa no desenvolvimento desta tecnologia, naquela que diz ser a ideia de uma CERN de IA. “A CERN permitiu incontáveis inovações, incluindo a WWW. Claro que existem diferenças. Para a IA, precisamos que o sector privado esteja totalmente envolvido nas nossas gigafactories”, reforçando que é necessário mais capital para que isso aconteça.

Foi neste sentido que a Comissão Europeia lançou a iniciativa InvestAI, para mobilizar 200 mil milhões de euros em investimento para IA, que inclui um novo undo europeu de 20 mil milhões de euros para as gigafactories de IA.

Ursula von der Leyen diz que o ecossistema de startups na Europa está a crescer e que o número de empresas de IA que se tornaram unicórnios aumentou 10 vezes nos últimos anos. Reforça que o número de profissionais em IA per capita é superior ao de qualquer outra região do mundo. “Temos uma base industrial forte e única. E por causa disso, temos uma saúde incrível de dados. Mas temos que colocar estes ativos em bom uso”.

A presidente da Comissão Europeia diz que estabeleceram um número-recorde de 12 fábricas de IA em poucos meses, sendo que sete já estão a funcionar e cinco ainda estão a ser construídos. Reforça que este é o maior investimento público em IA do mundo, sendo a sua intenção de continuar a multiplicar. Estes hubs de computação têm os melhores cientistas e startups a aceder a supercomputadores de classe mundial para criar a IA.

Apontando a empresas como a Mistral e a Helsing, presentes na Cimeira, von der Leyen realçou que algumas empresas europeias de IA já se especializaram em aplicações de negócio, criando produtos adaptados a necessidades especificações dos negócios, incluindo serviços de atendimento ao cliente, drones inteligentes, sistemas de gestão de frotas de navios comerciais, etc.

Apesar de considerar que a Europa continua a melhorar a produtividade das suas industrias, von der Leyen diz que isso não é suficiente. As startups necessitam de recursos para crescer e “estamos longe da adoção abrangente da IA na nossa economia e sociedade. Por isso vamos passar ao próximo nível. Queremos expandir o nosso modelo de cooperação aberta para hospedar a inovação em IA”.

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O próximo passo é o lançamento das chamadas gigafactories de IA, que são infraestruturas de computação e dados para treinar grandes modelos. E dá o exemplo de como nos Estados Unidos este tipo de projetos já está a ser feito pelos líderes de IA. No entanto, ressalva que na Europa, o poder computacional dessas gigafactories não serão o monopólio de alguns, mas sim um serviço acessível a todos. Estas gigafactories terão cerca de 100.000 chips de IA de última geração, cerca de quatro vezes mais que as fábricas de IA têm atualmente. 

E reforça o compromisso de promover a cooperação entre as indústrias e estes gerirem os seus dados. Dá o exemplo de como os hospitais podem treinar os seus modelos de forma mais segura baseado em imagens ou dados que têm. Mais uma vez a comparação com a CERN, que atrai os melhores cientistas do mundo, pretende que as suas gigafactories estejam também abertas aos melhores talentos. Com isto, a presidente da Comissão Europeia remata que o desenvolvimento de IA para o bem público obriga não apenas a concorrência justa, mas também a colaboração.

A InvestAI vai incluir fundos por camadas, com partilhas de diferentes perfis de risco e retorno. O orçamento inicial para o financiamento da União Europeia para a iniciativa vem de programas de financiamento existentes, que tenham uma componente digital, tais como o Programa Europa Digital e o Horizon Europe. Os Estados-membros também podem contribuir ao programar fundos dos seus envelopes de coesão.