Os avanços na inteligência artificial permitiram criar sistemas que criam imagens e vídeos com grande detalhe, capazes de “clonar” digitalmente as pessoas. E as vozes também são recriadas com grande proximidade das suas contrapartes. A investigação de inteligência artificial continua a registar novas formas descobertas, desta vez a capacidade de replicar o estilo de escrita à mão de uma pessoa.
A investigação está a ser feita na Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Os investigadores anunciaram que conseguiram criar um modelo de IA que aprende através da observação de alguns parágrafos de palavras escritas à mão, sendo depois replicadas num texto com o mesmo estilo individual.
O objetivo do projeto é que a tecnologia ajude pessoas que tenham perdido a capacidade de pegar numa caneta e papel, mas que o possam fazer com o auxílio da inteligência artificial. A ferramenta poderá ainda ser sada para gerar conjuntos de dados para melhorar os modelos de machine learning que processam textos escritos à mão.
Na publicação no blog da universidade, a ferramenta em questão já foi patenteada nos Estados Unidos e começou como fruto de curiosidade. Os investigadores queriam perceber se a IA conseguira aprender sobre o estilo de escrita de uma pessoa e depois escrever de forma semelhante à mesma.
Quando iniciaram o projeto, os investigadores perceberam que outras abordagens tinham sido anteriormente feitas, nomeadamente o uso de uma técnica de machine learning chamada Generative Adversarial Network (GAN). Este sistema capta, no geral, o estilo do autor, como as partes onde carrega mais na caneta. Mas que que o GAN não é eficaz a recriar como as pessoas criam caracteres e linhas individuais.
Nesse sentido, o novo estudo não se foca nos GANs, mas sim em transformadores de visão, um tipo de rede neural desenhada para tarefas de visão computacional. “Para imitar um estilo de escrita de alguém, queremos olhar para todo o texto e apenas depois iremos compreender como a pessoa liga os caracteres, as letras conectadas ou o espaçamento entre palavras”, refere o investigador Fahad Khan. Acrescenta que estas tarefas requerem um campo recetivo global que não é fácil ao usar as redes neurais “convolucionais”.
O modelo inicial foi focado em gerar texto em inglês, mas os investigadores estão interessados em aplicar a tecnologia a outras línguas, como o árabe. Esta em particular é desafiante de analisar devido à forma como os caracteres são ligados nos textos escritos à mão.
Os investigadores colocaram a IA em teste ao escrever alguns exemplos à mão por pessoas e depois por diferentes sistemas de inteligência artificial, incluindo o seu modelo. Ao ser mostrado a 100 pessoas qual o favorito, 81% preferiu o texto escrito por esta abordagem.
Apesar das boas intenções da tecnologia, os investigadores têm consciência de como esta pode ser utilizada para criar documentos ou assinaturas falsificadas. “Estamos muito cautelosos sobre como pode ser utilizado de forma menos correta. A escrita à mão representa a identidade de uma pessoa, por isso estamos a pensar com cuidado antes de a lançarmos”.
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