A produtora nacional de software Mind firmou recentemente uma parceria com a British United Shoe Machinery (BUSM), uma empresa de fabrico e comercialização de bens e equipamentos para o sector do calçado.



Esta aliança estratégica irá possibilitar que os programas de CAD/CAM (Computer-Aided Design/Computer-Aided Manufacturing) para produtos desta indústria desenvolvidos pela companhia portuguesa - especificamente, o USM2 e USM3, para gráficos bi e tridimensionais, respectivamente - sejam distribuídos em quase todo o mundo com a marca da BUSM.



A aliança estratégica foi estabelecida durante a SIMAC 2002 de Bolonha, uma das maiores feiras desta indústria que se realizou entre os dias 7 e 10 de Maio e irá, segundo João Bernardo, um dos sócios-fundadores da Mind, possibilitar que esta companhia portuguesa realize a tão esperada internacionalização.



Na verdade, à excepção de "algumas experiências pontuais de comercialização em mercados estrangeiros como a Espanha, o Brasil e a Austrália", a grande base de clientes da Mind situava-se até agora em Portugal. "Neste momento, os nossos sistemas estão instalados e a funcionar, em pleno processo produtivo, em mais de 150 fábricas nacionais, número esse que nos torna líderes destacados no mercado de sistemas de CAD/CAM para o calçado, com uma quota de mercado na ordem dos 90 por cento. Conseguimos até retirar do mercado nacional algumas das mais fortes empresas multinacionais neste sector", afirmou João Bernardo ao TeK.



Este responsável não tem dúvidas: "Trata-se de facto (referindo-se à nova parceira internacional) da maior empresa do mundo no seu sector de actividade. Conta com uma rede de 90 filiais e agentes, espalhados um pouco por todo o mundo e com especial incidência em áreas em que a indústria do calçado está em franco crescimento, como é o caso de alguns países da Europa do Leste, Norte de África e China."



Graças ao acordo estabelecido, João Bernardo afirma que a empresa nacional prevê ser, dentro de alguns anos, líder mundial no mercado de software CAD para calçado. A Mind espera também, "numa visão não muito optimista", angariar mais de cinco mil clientes num prazo de cinco anos.



Segundo João Bernardo, "a primeira grande dificuldade com que as companhias nacionais que decidem adoptar uma estratégia de internacionalização prende-se com a desconfiança do cliente final face a produtos tecnologicamente inovadores desenvolvidos por empresas portuguesas".



Outro obstáculo reside na "dificuldade em cativar, dentro de cada país, a empresa com o melhor perfil e mais capacidade técnica e comercial para distribuir o nosso produto", uma vez que "as empresas mais indicadas já têm, muitas das vezes, a representação de produtos nossos concorrentes e provenientes com uma imagem tecnológica muito mais forte, como os Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra".



De forma a solucionar este problema, a Mind "optou por escolher um parceiro, a BUSM, que lhe garante a representação à escala mundial", revelou aquele responsável. Apesar de confessar que a negociação foi mais complexa, na sua opinião, a solução disponibilizada é muito mais abrangente.



A estratégia de distribuição irá passar pelo aluguer de sistemas CAD, ao contrário do tradicional modelo baseado na venda de hardware e software. Desta forma, uma pequena empresa de qualquer parte do mundo pode aceder a uma das tecnologias actuais de ponta no sector do calçado, precisando para tal de despender 1000 libras (1601 euros) por ano para alugar um sistema de gráficos em duas dimensões ou 2000 libras (3203 euros), no caso de se optar por um sistema gráfico com suporte tridimensional.



Por enquanto, a comercialização de software CAD segundo este modelo ainda só está disponível no mercado internacional, estando a BUSM encarregada dessa tarefa. No que diz respeito ao mercado nacional, a Mind continuará a explorá-lo com base no modelo tradicional de comercialização.



Dado que tanto o USM2 como a versão a três dimensões funcionam num PC comum com sistema operativo Windows, processador Pentium III de 500 MHz e 128 Megabytes de memória RAM e utilizam dispositivos periféricos de baixo custo, esta solução pode-se tornar muito acessível em termos financeiros, mesmo para as Pequenas e Médias Empresas que até agora tinham dificuldade em adquirir software deste tipo.


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