Um estudo realizado pelas Nações Unidas sobre o impacto dos computadores pessoais no ambiente demonstra que em média são necessários 1.8 toneladas de materiais para fabricar um PC desktop. Antes de sair da fábrica, um PC normal, com um peso médio de 24 quilos e um ecrã de 17 polegadas, utiliza uma variedade de matérias e materiais que em conjunto somam peso idêntico ao de um automóvel utilitário.



O documento revela que para fabricar um PC são necessários, em média, 240 litros de combustíveis fósseis, 22 litros/quilos de químicos e 1.500 litros de água. Comparativamente ao processo de fabrico de um carro ou de um electrodoméstico, onde o peso dos combustíveis fósseis utilizados é igual ou duplica o peso do equipamento final, é possível avaliar o impacto ambiental de um mercado que conta com 130 milhões de computadores, sublinha o documento.



Face às conclusões apuradas, as Nações Unidas acreditam que cada utilizador tem um papel importante a desempenhar, ajudando a poupar a energia necessária para fabricar um equipamento e fazendo aumentar o ciclo de vida do PC, por forma a minorar os perigos para o ambiente e saúde pública do hardware que muitas vezes não tem destino certo, terminado o período útil de vida.



Pesar a hipótese de um upgrade

Eric Williams, investigador das Nações Unidas e coordenador do estudo aconselha os utilizadores a "reflectirem com cuidado" a necessidade de adquirir um novo computador, tentando perceber se as suas necessidades podem ser satisfeitas com um upgrade ao sistema. É aconselhado o atraso na substituição em favor do "upgrading da memória e da capacidade de armazenamento".



No caso da substituição ser inevitável, o estudo das Nações Unidas apela à doação dos equipamentos ou à busca de outras formas de prolongar o ciclo de vida do produto em funções menos exigentes. A reciclagem é outra das opções viáveis embora a ONU sublinhe que esta não é totalmente eficiente pois não aproveita parte significativa dos componentes, sobretudo os componentes de alta tecnologia como os semicondutores, que se perdem completamente no processo de reciclagem dando novamente origem a materiais primários que necessitarão de passar pelo complicado processo de fabrico para assumirem as características pretendidas.



Williams exemplifica que para fabricar um chip de memória 32MBytes DRM, com o peso de duas gramas, são necessários 1.7 litros de combustíveis fósseis e químicos e 32 litros de água, conforme apurou num estudo anterior.



As Nações Unidas apelam ainda à acção dos fabricantes, que deverão assumir cada vez mais um papel de facilitadores no encaminhamento de equipamentos em fim de ciclo de vida para um novo uso menos exigente ou para a reciclagem, apoiando o mercado empresarial, onde a renovação de máquinas é mais acelerada. O apelo estende-se aos particulares que deverão tentar prolongar o ciclo de vida das suas máquinas ou proceder à troca ou venda, quando já não usam os equipamentos.



Neste matéria a organização considera que existem já iniciativas importantes quer a nível do mercado empresarial, onde fabricantes como a Dell já ajudam as empresas a renovar o seu parque informático, limitando o desperdício. Ao nível dos particulares é notória a crescente expansão do mercado de segunda mão, visível através de sites como o eBay onde a venda de computadores usados movimentou dois mil milhões de dólares em 2001.



O estudo realizado pelas Nações Unidas intitula-se "Os Computadores e o Ambiente: Compreender e Gerir os Seus Efeitos" e estará disponível para venda por 35 dólares, na versão resumida, ou 83 dólares na versão integral. Mais informação pode ser consultada num website deste organismo, criado especialmente para o efeito.



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