E se pudesse fotografar primeiro e preocupar-se com a focagem depois? Pois bem, parece que o dia já esteve mais longe. A promessa chega de uma star-up americana chamada Lytro, que criou uma câmara que capta imagens cuja focagem pode ser ajustada à posteriori.

De acordo com especialistas, o trabalho desenvolvido terá implicado analisar projectos de investigação nesta área nos últimos anos - exigindo talvez ligar 100 câmaras digitais a um supercomputador - e concentrar essa tecnologia numa câmara dirigida ao mercado de consumo.

Considerada um verdadeiro avanço tecnológico na área, a novidade está a entusiasmar técnicos e fotógrafos convidados e testar o protótipo. "Para um fotógrafo, amador ou profissional, esta tecnologia significa o fim da dor de cabeça de focar antes de disparar", disse ao The New York Times um fotojornalista que experimentou o equipamento.

"Só precisas de te concentrar na imagem e na composição, deixas de ter de te preocupar com a focagem, isso passa a ser algo em que se pensa depois", defende Richard Koci Hernandez.

O fotógrafo acrescentou que o protótipo testado por si apresentava o tamanho habitual de uma máquina fotográfica digital e a definição da imagem era equivalente à apresentada pelos equipamentos da Nikon e Canon com que normalmente trabalha.

A diferença deste modelo - que deverá ser lançado no final do ano - reside no facto de ser capaz de captar muito mais informação, e de muito mais ângulos, do que uma câmara convencional.

Isto é possível graças a um sensor especial (sensor matriz de microlentes), capaz de colocar o equivalente a muitas lentes num pequeno espaço, explicou um professor de doutoramento do autor do projecto.

A enorme quantidade de dados e luz recolhidos ganha utilidade quando as imagens são editadas através de um sofisticado software que permite ao utilizador alterar os pontos de focagem na fotografia.

Isto permite aos fotógrafos explorarem as imagens como nunca antes o fizeram, "tornam-se fotografias interactivas e vivas", afirma o responsável pelo desenvolvimento da tecnologia.

Ren Ng, de 31 anos, fundador e CEO da Lytro apresentou o conceito em 2006, na sua tese de doutoramento, que ganhou o prémio mundial da Association for Computer Machinery para a melhor dissertação de doutoramento sobre ciências informáticas nesse ano.

Desde então, o cientista tem trabalhado para trazer a ideia para um produto que pudesse ser introduzido no mercado de consumo. O projecto implicou um investimento de 50 milhões de dólares, a cargo da pequena empresa e de alguns investidores que apostam no potencial do produto.

No site da empresa é disponibilizada uma galeria de imagens, que ilustram algumas das possibilidades de edição ao nível da focagem proporcionadas pela tecnologia. Abaixo reproduzimos uma delas.

[caption]Imagem retirada do site da Lytro[/caption]