Foram várias as razões que estiveram na base do movimento robótico: “tornar os sistemas mais eficientes, fazer tarefas mais rápido, trabalhar de uma forma mais organizada”, mas estamos num momento em que devemos realmente pensar naquilo que queremos fazer com os robots que estamos a desenvolver.

“Queremos que as nossas crianças tenham amigos robots ou amigos humanos? A possibilidade de fazer a transição para a amizade existe, mas devemos fazê-lo? E como devemos fazê-lo?”, perguntou Aimee van Wynsberghe.

A cofundadora e presidente da Foundation for Responsible Robotics defende que podemos usar a tecnologia para acedermos ao mundo, mas não para substituirmos o contacto humano. “Criámos robots para termos mais tempo livre para fazermos as coisas que realmente importam, que têm significado para nós. Para estarmos com os nossos filhos, com os nossos pais, com as pessoas que são importantes”. Se dermos esse papel aos robots, “destas coisas que fazem parte da ‘vida boa’, que são éticas, que são as coisas com que nos preocupamos”, diz Aimee van Wynsberghe, “o que é suposto os humanos fazerem?”.

A sexualidade é outra dimensão importante e, para a professora de Ética e Robótica na Universidade Técnica de Delft, Holanda, estamos no momento perfeito para investigar outros aspectos e interesses na conceção de robots sexuais, hoje muito dominados “pela exploração pornográfica do corpo feminino”. Mas também aqui voltou a levantar algumas questões sobre a possibilidade do isolamento social aumentar e sobre a componente relacional em si. “O que é um relacionamento entre um humano e um robot? Com certeza não é uma interação recíproca, de empatia, apaixonada… Não estaremos a introduzir muita confusão para algumas pessoas?”.

Aimee van Wynsberghe garantiu que não é contra a possibilidade. “Não estou a dizer que devemos banir a tecnologia, estou a dizer que devemos investigar para descobrirmos a melhor forma de desenvolver a tecnologia, de a tornarmos disponível noutras formas e para aqueles que realmente beneficiam dela”.

Esta é altura “para inovar de uma maneira responsável” e isso passa por introduzir a ética na robótica. Nesse sentido a Foundation for Responsible Robotics está a desenvolver um “selo de qualidade” para aplicar a produtos robóticos. O objetivo é atestar que o produto está de acordo com as regras estabelecidas relativamente ao processo de fabrico, materiais usados, reciclagem ou mesmo ao GRPD.

Furhat, o robot com várias caras que quer ajudar a tecnologia a ser mais humana

No palco Auto/Tech & Talk Robot tinha sido apresentado, minutos antes, um novo “robot social”. De formato é um busto, mas, feito de um material translúcido, o Furhat pode mudar de cara (até literalmente) para assumir diferentes personalidades e papéis: de professor de línguas a cão.

O Web Summit 2018 arrancou esta segunda-feira e vai prolongar-se até à próxima quinta-feira, dia 8 de novembro, com vários palcos a funcionarem, por onde vão passar centenas de oradores. Acompanhe tudo o que se passa com o SAPO TEK.