A Guarda Costeira dos Estados Unidos, envolvida na operação, mantém-se "otimista" apesar de elementos das equipas de socorro estimarem que os passageiros podem ficar rapidamente sem oxigénio no interior do "Titan", pequeno submergível da empresa privada OceanGate Expeditions que desapareceu no domingo passado.

Teoricamente, a autonomia do submergível é de 96 horas debaixo de água. "É preciso manter o otimismo e ter esperança", disse hoje aos jornalistas em Boston, Estados Unidos o capitão de um navio da Guarda Costeira norte-americana, Jamie Frederick.

Na quarta-feira, aviões P3 canadianos detetaram ruídos na zona de buscas, o que gerou otimismo entre a esquadra internacional de salvamento que se encontra na área do Mar do Norte.

"Não posso dizer o que são esses ruídos", acrescentou o capitão Frederick após as primeiras missões de veículos submarinos telecomandados, que contam com a presença na zona de um navio equipado com um sonar muito potente.

A vigilância aérea com aviões C-130 ou P3 e navios equipados com robôs submarinos são os principais meios utilizados pelas Forças Armadas norte-americana e canadiana, que continuam a chegar ao local onde está ancorado o "Polar Prince", o navio de onde partiu o submersível "Titan".

Uma outra embarcação com uma câmara especial de descompressão e com pessoal médico a bordo também se encontra a caminho do mesmo ponto onde está o "Polar Prince".

Na mesma área encontra-se desde hoje de manhã o "Atlante", um navio oceanográfico francês do Instituto para a a Exploração e Investigação do Mar (IFREMER, na sigla em francês) dotado de um robot capaz de alcançar o ponto onde se encontra o navio "Titanic", a cerca de quatro mil metros de profundidade.

A localização da busca, a 1.450 quilómetros a ocidente de Cape Cod (na costa nordeste dos Estados Unidos) e a 640 quilómetros a sudeste de St John's, Terra Nova (no Canadá), torna excecionalmente difícil mobilizar rapidamente grandes quantidades de equipamento", explicou o capitão Frederick.

A zona de buscas é uma vasta área de 20 mil quilómetros quadrados.

Um norte-americano, um francês, um britânico e dois britânico-paquistaneses mergulharam no domingo de manhã a bordo do "Titan", o submersível concebido para cinco pessoas e com 6,5 metros de comprimento.

O submergível deveria emergir sete horas depois do início da expedição, segundo a Guarda Costeira norte-americana. O contacto com o veículo submergível foi perdido duas horas após a partida.

Na terça-feira à tarde, a guarda costeira dos Estados Unidos avisava que restavam a bordo "cerca de 40 horas de ar respirável".

Desde o início das buscas, no domingo, começaram a ser publicadas informações que implicam a OceanGate e que apontam para alegada negligência na segurança do equipamento de turismo subaquático.

Uma denúncia datada de 2018 consultada pela Agência France Press (AFP) indica que um antigo diretor da empresa, David Lochridge, foi demitido depois de ter manifestado sérias dúvidas sobre a segurança do submersível.

Segundo o antigo diretor de operações marítimas, uma vigia na parte da frente da cápsula foi concebida para suportar a pressão sentida a 1.300 metros de profundidade, e não quatro mil metros.

O proprietário da empresa OceanGate, o norte-americano Stockton Rush, encontra-se a bordo do "Titan".

Além de Rush encontram-se dentro do "Titan" o magnata britânico, Hamish Harding (58 anos), o especialista francês especializado na tragédia do "Titanic", Paul-Henri Nargeolet (77 anos) - apelidado de "Senhor Titanic" - e o empresário de origem paquistanesa Shahzada Dawood (48 anos) e seu filho Suleman (19 anos), ambos com nacionalidade britânica.

Por 250.000 dólares, propuseram-se a explorar os restos de um dos maiores desastres marítimos do século XX.

O "Titanic" afundou-se na viagem inaugural, em 1912, depois de embater num icebergue, provocando a morte de 1.500 passageiros e tripulantes.

Desde a descoberta dos destroços do "Titanic" em 1985, cientistas, caçadores de tesouros e turistas têm visitado o local.