Luís Rocha é investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência em Oeiras e faz parte de um grupo internacional de pesquisa que está a desenvolver um sistema informático que é capaz de distinguir a verdade da mentira. O trabalho não é inédito, como o próprio revela ao Público, dizendo que também a Google está a trabalhar em algo semelhante. Mas a diferença do projeto no qual o elemento português participa destaca-se pela simplicidade das ações e do conceito de funcionamento.

O que os investigadores desenvolveram foi um sistema que é capaz de criar uma rede de conhecimento que tem por base blocos de informação que estão disponíveis da Wikipédia. Foram selecionados temas relacionados com história, geografia e entretenimento.

O que acontece depois é que é percorrido um percurso entre várias informações linkadas e é através deste percurso que é definida a categorização de uma frase como verdadeira ou falsa. Em “Platão é grego” é feito um varrimento das ligações encontradas na informação principal do filósofo, o que inclui uma ligação ao país Grécia e à sua história.

Os grafos do conhecimento permitem assim que um computador consiga atestar de forma rápida a veracidade das informações que lhe estão a ser transmitidas.

Ainda que o sistema não seja infalível, já consegue neste momento ter um desempenho comparável ao de um ser humano na definição do que é verdade e do que é mentira. Durante os testos o algoritmo conseguiu relacionar com precisão alguns antigos presidentes dos EUA às suas respetivas mulheres e realizadores vencedores de Óscares aos seus filmes.

Mais pormenores da investigação podem ser consultados na publicação Plos One.

O investigador Luís Rocha revelou ainda ao Público quais são as próximas etapas no desenvolvimento do projeto: “a nossa ideia é aumentar o grafo de conhecimento e passar a utilizar todo o conteúdo do texto da Wikipédia. Esperamos com isso conseguir aumentar a dificuldade das perguntas. Também queremos utilizar outros grafos de conhecimento, por exemplo obtidos de publicações científicas, para testar a veracidade de factos científicos”.