Como diferem as abordagens dos Estados Unidos e da Europa em relação à Inteligência Artificial? Esta é a questão que serviu de mote à sessão “AI legislation: What's in store in 2022?”, que juntou Daniela Braga, fundadora da Defined.ai, e Jean-François Gagné, Head of AI Product & Strategy da ServiceNow, no palco binate.io no Web Summit 2021.
Daniela Braga explica que, do outro lado do Atlântico, a task-force da qual faz parte foi criada para aconselhar o governo de Joe Biden acerca do que pode ser feito para democratizar o acesso a dados e ferramentas, além de acelerar a implementação da tecnologia nos Estados Unidos.
Disponibilizar um maior acesso à tecnologia para as pequenas e médias empresas, ajudando-as a lidar com os custos extremamente elevados de desenvolver sistemas de IA é um dos objetivos da task-force, respondendo à pergunta “Como é que tornamos [a tecnologia] mais acessível sem que tenhamos de «reinventar a roda?”, indica a fundadora da Defined.ai.
A responsável detalha que o que a task-force tem como missão principal tratar das “linhas-guia”, standards e recomendações associadas à implementação da tecnologia, colaborando com especialistas de diferentes áreas, sejam do mundo empresarial, indústria ou da comunidade académica.
Já do lado da abordagem da Europa, Jean-François Gagné, que fez parte do grupo de especialistas em IA da Comissão Europeia, afirma que, embora existam diferenças em relação aos Estados Unidos há também pontos em comum, como o foco na inovação e as preocupações com comercialização da tecnologia.
O responsável da ServiceNow destaca que a estratégia europeia passou também por uma colaboração alargada com especialistas de outros países no processo de análise de propostas, gerando uma variedade de regras e documentos que resultam na AI Act, que “terá um grande impacto em múltiplas indústrias”.
À medida que a tecnologia de IA começa a ser utilizada de formas cada vez mais “invisíveis” para os utilizadores, ambos os responsáveis enfatizam a necessidade de seguir determinados princípios fundamentais. “Transparência, rastreabilidade e uma certificação por parte de uma entidade terceira”, enumera Daniela Braga que aponta ainda a necessidade de uma maior literacia digital, quer por parte do público, dos data scientists, dos engenheiros e dos gestores.
Jean-François Gagné aponta que a IA já está a ser regulada e que existem leis um pouco por todo o mundo que estão a ter impacto na utilização da tecnologia, porém “não existem standards unificados”: algo que acaba por “pôr um travão na inovação”.
Ainda a propósito da AI Act pela Comissão Europeia, o responsável afirma que, apesar da proposta conter medidas e regras concebidas para evitar abusos, um dos focos é assegurar que há espaço para a inovação por parte da indústria.
Daniela Braga afirma que a Europa “está a ser pioneira” em questões de responsabilidade social, apontando o exemplo do Regulamento Geral de Proteção de Dados, e está a liderar por exemplo. Em linha com Jean-François Gagné, a responsável sublinha a necessidade de uma abordagem mais unificada, numa espécie de “Nações Unidas da IA”. “Temos de falar uns com os outros”, enfatiza.
Para lá da Europa, dos Estados Unidos e de outros países que implementaram legislação relativa a IA, ou que tencionam fazê-lo, a China poderá implementar regulação específica no que respeita a algoritmos, sobretudo em recomendações, no próximo ano.
Embora tenham apresentado alguma reticência em comentar a decisão, com Daniela Braga a indicar que “a China é um assunto sensível”, os responsáveis indicam que a IA é uma das causas que está a unir a humanidade, se bem que esta seja uma questão à qual a Europa e os Estados Unidos terão de estar atentos.
Veja as imagens captadas pela equipa do SAPO TEK que dão uma perspetiva por dentro do Web Summit
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