Uma nova abordagem sobre a forma de derivar linguagens de expressões regulares para modelos de computação valeu a Alexandra Silva, de 27 anos, a distinção com o Prémio Científico IBM, deste ano, no valor de 15 mil euros.

Denominado "Coálgebras de Kleene", a investigação apresenta uma generalização de um resultado clássico em teoria de computação, o Teorema de Kleene. Os modelos considerados incluem, entre outros, autómatos com probabilidades, que são hoje usados no estudo de software para garantir propriedades tais como: "o sistema X só falha em 0,01% dos casos", detalha o comunicado de imprensa.

O trabalho da investigadora, licenciada pela Universidade do Minho e doutorada na Universidade de Nijmegen, na Holanda (onde a partir de Outubro deste ano será professora no grupo de Sistemas Inteligentes), representa uma evolução em relação aos resultados apresentados nos anos 50 por Kleene, para o modelo mais simples de computação.

Falhas de software são frequentes e, na maioria dos casos, inócuas. No entanto, quando o software controla sistemas de risco, como aviões ou dispositivos médicos, as falhas podem originar até perda de vidas humanas, lê-se na nota aos meios.

"Os resultados apresentados na tese são puramente teóricos, mas, nos próximos anos, o desenvolvimento de aplicações de suporte à teoria apresentada poderá abrir a porta ao seu uso em modelos de software, elevando o nível de confiabilidade do sistema", acredita a IBM Portugal.

A empresa instituiu o Prémio Científico em 1990, com o objectivo de distinguir o contributo de trabalhos de investigação para o desenvolvimento das Ciências da Computação e Tecnologias de Informação. Os projectos podem ser dos mais diversos domínios, desde que aplicados às Ciências da Computação. O que se pretende é motivar os jovens investigadores nacionais a divulgarem os seus projectos, fomentando o relacionamento entre as comunidades industriais, académica e de investigação científica, afirma a empresa.

Na 21ª edição do prémio foi ainda distinguida, com uma Menção Honrosa, a investigadora Mariana Almeida, do Instituto das Telecomunicações, que apresentou uma nova abordagem à focagem de imagens.

Fotografia, vídeo vigilância, imagiologia médica, astronomia, observação remota ou televisão, são algumas das áreas que poderão beneficiar do novo método proposto pela cientista, licenciada e doutorada em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico.

Ao contrário dos métodos existentes, este permite focar as imagens sem ter conhecimento prévio sobre o tipo de desfocagem, isto é, sem impor restrições rígidas ao filtro de desfocagem e deverá "contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de imagem".