Entrevistada por John Koetsier da Forbes, Laura Miele, líder dos estúdios da Electronic Arts partilhou na Web Summit a sua opinião, com base no ano de grande crescimento da indústria dos videojogos, e como esta é mais importante para o entretenimento que Hollywood. Há muito que a Netflix refere que a sua competição não é uma HBO ou Disney+, mas sim o Fortnite, pela atenção nas televisões da sala de estar.

Apesar do boom devido à COVID-19, há agora uma estabilização do mercado, depois do mundo ter voltado à normalidade e das pessoas deixarem o isolamento. No entanto, a indústria saiu reforçada neste final do ano com o lançamento de novas plataformas de jogos. “A pandemia apenas acelerou aquilo que o futuro já nos ia trazer, seja a forma como as pessoas se unem e partilham experiências, ultrapassando o medo da doença” destaca a executiva da EA.

E comparado com a indústria do cinema, enquanto os estúdios procuram lançar o máximo de jogos possíveis, e no caso da EA que lançou oito novos títulos desde março, a indústria de Hollywood tem adiado os seus principais filmes, como por exemplo 007 James Bond: Sem Tempo para Morrer. A Disney que durante um tempo não sabia o que fazer com Mulan, e no geral, os cinemas estão “parados”.

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Laura Miele, líder dos estúdios da Electronic Arts.

“As pessoas gostam de estar em casa e estão motivadas a trabalhar”, refere Laura Miele, apontando aos seus empregados e a sua contribuição para o desenvolvimento dos seus jogos. Sobre o lançamento das novas consolas, que considera ser sempre um grande momento para a indústria, destaca a qualidade gráfica dos novos jogos, mas é a experiência e a jogabilidade, a escala dos mundos, a fluidez das imagens, que contribuem para a qualidade geral desta nova geração. E na sua opinião, se os jogadores ganham, toda a indústria ganha.

O mobile tem aberto mais oportunidades de negócio e salienta que o público-alvo está dividido 50/50 entre homens e mulheres. E como criadora, pensa que o futuro dos jogos para smartphones é a área com maior potencial para crescer.

E sobre o cloud gaming? A experiência de aceder imediatamente aos jogos e conseguir em poucos segundos estar ligado aos seus amigos, seja em casa ou num quarto de hotel, sem a necessidade de hardware, é algo que a deixa bastante entusiasmada. Ainda assim, entende que a estabilidade e fidelidade oferecida pelo cloud gaming ainda não está pronto. “Mas vamos lá chegar muito em breve”, aponta. É como ir ao cinema: o som ambiente, a qualidade da imagem numa sala de cinema está longe de ser atingida em casa, sobretudo quando vemos um filme num smartphone, refere, “mas vai lá chegar”.

Sobre o futuro do gaming baseado em realidade virtual, defende que a imersão é algo sem precedentes e a empresa está a apoiar o formato, e este ano lançou dois jogos: Star Wars Squadrons e o novo Medal of Honor: Above and Beyond (este em exclusivo para VR). A longevidade necessária para os jogos ainda é algo que limita as experiências, mas considera que as futuras gerações de hardware vão quebrar essa mesma barreira. Star Wars Squadrons foi bastante elogiado pela qualidade da experiência oferecida no campo VR.

Questionada pelo que nos reserva o futuro do gaming em geral, Laura Miele afirma que uma área que mais a deixa entusiasmada é aquela em que os jogadores mais se envolvem no próprio mundo e possam moldar a sua experiência para além do que os criadores oferecem, algo que já conseguiu com o Sims. Espera que no futuro haja mais experiências criadas pelos jogadores, sejam pistas de jogos de carros onde podem convidar os amigos ou mundos que ofereçam as ferramentas para os jogadores criarem, literalmente tudo…

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