Lançada no mês de Fevereiro com o objectivo declarado de concorrer com a infra-estrutura Microsoft .NET no mercado emergente dos serviços Web, a Sun ONE (Open Net Environment) foi hoje de manhã apresentada à imprensa portuguesa por Marge Breya, vice-presidente internacional da divisão da Sun dedicada à nova plataforma.
Na conferência, que teve lugar no Clube dos Empresários, em Lisboa, esta responsável começou logo por assumir que a Sun ONE foi concebida como um produto concorrente à .NET da empresa de Bill Gates, pois a Sun considera que é muito importante a existência de alternativas no mercado, de modo a contribuir para o desenvolvimento de economias abertas.
Na sua opinião, aquilo que diferencia mais uma da outra é que a Sun One oferece um elevado nível integrabilidade, ao basear-se em normas abertas como o XML - eXtensible Markup Language -, SOAP - Simple Object Access Protocol - e UDDI - Universal Description, Discovery, and Integration. Em contrapartida, a Microsoft .NET utiliza tecnologias proprietárias e não é acessível a outras empresas.
Segundo Marge Breya, a nova aposta da Sun no sector de software congrega quatro conceito num só produto: Visão, Arquitectura, Plataforma e Especialização. O primeiro ponto refere-se a um modelo de service on demand, semelhante ao de video on demand. Este tipo de serviços pode ser acedido a pedido do utilizador ou empresa a partir de qualquer local e através de qualquer dispositivo. Essa funcionalidade é assegurada pela utilização da linguagem XML , "um formato aberto de ficheiros de dados que podem ser lidos em qualquer meio", de acordo com Breya.
Outro papel desempenhado pela Sun ONE, na perspectiva da Sun e segundo aquela responsável, é a de uma arquitectura de software baseada em normas industriais abertas e que assenta no modelo DART - iniciais em inglês de bases de dados, aplicações, relatórios e transacções - em que a tecnologia Java desenvolvida pela empresa detém grande importância, que permite correr aplicações em qualquer dispositivo electrónico, independentemente do sistema operativo e que conta já com uma comunidade de três milhões de programadores.
Enquanto plataforma, a Sun ONE integra três linhas de produtos: o Solaris, a versão do sistema operativo Unix da Sun; a linha iPlanet - criada em conjunta com a Netscape, filial da AOL Time Warner - de software middleware, servidores de portais e da Web, de aplicações e de directórios, bem como de serviços comerciais e de comunicações; as ferramentas Forte que permitem transformar dados em services on demand partilhados, constituindo um produto concorrente ao Visual Studio .NET da Microsoft.
O último pilar da estratégia da Sun que Marge Breya referiu é o da especialização, que abrange a criação, implementação e administração de uma infra-estrutura em ambiente Sun ONE.
A vice-presidente da nova divisão da empresa também revelou o calendário de implementação da novos serviços para os próximos anos. Neste momento, a companhia encontra-se a desenvolver serviços de infra-estrutura que passam pela disponibilização de portais e pela integração de processos de negócio online.
Para o próximo ano, a Sun espera começar a disponibilizar serviços Web de registo privado, uma espécie de "páginas amarelas" ou "directórios" - segundo a responsável da Sun - acessíveis a parceiros via intra e extranets. O objectivo é que em 2003, seja possível fornecer serviços de registo público baseados no modelo on demand que estarão publicamente acessíveis.
A iniciativa Liberty Alliance, anunciada no final de Setembro e que constitui a alternativa da Sun ao sistema de autenticação Passport da Microsoft - que é um dos componentes principais da infra-estrutura .NET -, foi também referida por Marge Breya. Esta afirmou que o objectivo deste novo sistema é desenvolver uma tecnologia de identificação, autenticação e autorização que todas as companhias possam usar, como se fosse um padrão industrial.
A Sun pretende que a Liberty funcione como um sistema descentralizado em que o utilizador pode decidir a quem é que quer confiar a sua informação pessoal, estabelecendo ao mesmo tempo o tipo de dados a divulgar. Segundo Breya, este processo é oposto ao do Passport da Microsoft, em que todos os dados são guardados nos servidores da companhia.
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