A Viur esteve na semana passada na Seedcamp Week em Berlim, um evento de empreendedorismo que se realiza três vezes por ano e que é organizado por um dos maiores fundos de investimento de startups tecnológicas do mundo. Na maior parte dos casos os participantes são selecionados através de eventos locais, mas a empresa nacional assegurou entrada direta.



A tecnológica de Coimbra desenvolve soluções de data visualization em modelo de Software as a Service (SaaS): uma ferramenta que transforma as informações recolhidas pelas empresas, que são cada vez mais, em informação fácil de interpretar e gerir através de interfaces baseados em gráficos. De acordo com o diretor de tecnologia da Viur, David Custódio, esta é uma das áreas que mais vais crescer dentro do segmento do business analytics.



“Com o Viur pretendemos oferecer uma ferramenta fácil de usar para pessoal não técnico que promove a exploração, partilha, visualização e análise de dados por forma a que as empresas possam monitorizar corretamente o seu negócio e tenham acesso a informação que apoie na tomada de decisões”, explicou ao TeK o elemento da startup.



“A ideia nasceu da constatação que pequenas e médias empresas têm dificuldade de acesso a soluções desta natureza nomeadamente pelos custos envolvidos nas soluções tradicionais de inteligência de negócio e pela complexidade técnica tanto de utilização como de integração das mesmas, levando a que este tipo de empresas acabe por não tirar o máximo partido dos seus dados ”, acrescentou David Custódio.



A candidatura à Seedcamp Week foi feita à própria organização do evento que gostou do projeto português e convidou-o a fazer parte de uma seleção de 22 startups de toda a Europa que procuraram conhecimento para cimentar e fazer crescer os respetivos negócios.



Qual o balanço da participação? “Foi uma experiência muito enriquecedora pois em três dias conseguimos ter contacto com pessoas que de outra forma seria muito difícil ter. O Seedcamp tem esse bónus que é por-te a falar com uma rede de mentores constituída por outros fundadores, investidores e pessoal de marketing. Para além deste contacto, permitiu-nos parar para pensar no negócio, na maneira como nos devemos apresentar ao público, clientes e investidores”, acrescentou o CTO.



Apesar da participação positiva a Viur acabou por não fazer parte das empresas que transitaram para o programa de aceleração do Seedcamp: “Concorremos numa fase ainda bastante inicial da empresa, em que embora tenhamos uma visão clara do que queremos, ainda não temos validação e tração suficiente do mercado”, avalia David Custódio.



O também developer da Viur fez ainda um balanço positivo à onda de empreendedorismo que se vive em Portugal, louvando a presença de startups portuguesas em algumas das maiores incubadoras do mundo, como a Ycombinator e o Seedcamp.



Fica no entanto o alerta: “A palavra empreendedorismo tem estado muito na moda nos últimos tempos e têm aparecido bastantes iniciativas ao nível de apoios e concursos, mas é preciso separar bem o trigo do joio de forma a não perder tempo nem dinheiro com alguns eventos que tentam tirar proveito desta tendência. A nosso ver o que faz falta em Portugal são mais investimentos “seed” semelhantes ao oferecido pelo Seedcamp e mais investidores que apoiem empresas em fases embrionárias”.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico