No terceiro e último dia do Congresso da APDC os oradores retomaram o debate sobre as transformações previstas para os próximos 20 anos. O painel aponta entre as principais mudanças o novo papel do consumidor, com a apropriação do poder de editar e criar conteúdos, influenciando o grupo, mas José Pacheco Pereira optou por fazer o papel de apocalíptico, mostrando os perigos que esta nova realidade encerra.

Começando por dizer que acredita não ser adequado fazer previsões sobre o que acontecerá no mercado nos próximos 20 anos porque vivemos numa época de disrupção, risco e incerteza, Gonçalo Reis, administrador da RTP, alinhou uma série de alterações que o sector dos media sofreu nos últimos 20 anos, centradas na deslocação do poder do emissor para o cidadão, que participa nas emissões de televisão mas também online.

O consumidor tornou-se o “agente de mudança”, assumindo o papel de produtor e editor de conteúdos, sendo que nenhum sector escapou às mudanças que entram no dia-a-dia a um ritmo cada vez mais rápido. Os consumidores adoptaram este novo modelo e não resta às empresas outro caminho senão adaptarem-se à nova realidade, defendeu Gonçalo Reis.

O administrador da RTP reconheceu que esta mudança cria desafios mas também oportunidades ao operador de serviço público, com o papel de referência no sector e o desenvolvimento da área de informação que continuará a ter relevância.

A esta visão, José Pacheco Pereira, do ISCTE, contrapõe uma perspectiva de historiador e filósofo, num olhar apocalíptico, alinhando o que pode correr mal. O historiador e político lembra que existem factores positivos na evolução tecnológica mas que estes mesmos potenciam também efeitos negativos, como o desenvolvimento de ditaduras, que já provaram historicamente a sua capacidade de utilizar as tecnologias como instrumento de manipulação.

Frisando que muitas das questões que se levantam actualmente já não são novas, José Pacheco Pereira resumiu em 10 pontos os problemas que devem ser equacionados por todos, como a necessidade de manter a existência de mediação no processo democrático, a importância de evitar que tudo se passe em tempo real, e a preservação de espaços próprios de intimidade e privacidade, assim como do saber.

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