Os números não são novos e mostram que três quartos dos utilizadores adultos utilizam outro dispositivo enquanto veem TV, mas foram usados por Manuel Lopes da Costa, partner da PwC para falar sobre a pressão que existe sobre os canais Free To Air (os canais abertos), sobretudo pela transformação dos hábitos de visualização de conteúdos.

O timeshift, a mudança do prime time e o recurso a outros  dispositivos (e ecrãs) põe em causa o modelo de negócio que está assente na publicidade que é exibida entre os programas. E por isso os anunciantes fogem para outras plataformas (leia-se mobile).

Manuel Lopes da Costa aponta porém uma solução para voltar do não linear ao linear: dar vantagens a quem se comportar de forma linear (e ver o programa na hora em que ele é exibido), com valor acrescentado, com jogos ou outras iniciativas.

“Até hoje temos assistido às plataformas através da inovação tecnológica oferecerem tecnologia que afeta a inovação entre FTA e plataformas”, adiantou ainda, sublinhando que o desafio é deixar o second screen às plataformas ou aos canais e fazer com isso algo relevante.

A aposta nos conteúdos em português

Já no painel, os representantes da RTP, Impresa, Grupo Controlinvest e Media Capital alinharam pela defesa dos canais abertos (free to ware) que são relevantes na produção de conteúdos em língua portuguesa.

Rosa Cullell, CEO da Media Capital, defendeu a importância dos conteúdos em língua portuguesa e afirmou que a TVI produz mais de 90% dos conteúdos da sua grelha, e que as plataformas apenas os distribuem.

Também Pedro Norton, CEO da Impresa, alinhou na mesma ideia, defendendo a importância do jornalismo, embora admita que é optimista e que não vislumbra num futuro próximo uma alternativa para boa parte dos anunciantes. “No fim dos dia as pessoas querem ver conteúdos de qualidade e em Portugal querem ver em português. E julgo que não há alternativas às  tfvs free to ware”. Para o CEO da empresa que detém a SIC, o reforço passa por produzir conteúdos em português, passiveis de serem usados na TV linear, mas para serem consumidos noutras plataformas, noutros momentos. “Não há alternativas e é isso que as torna resilientes”, refere.

Rosa Cullell destacou ainda que as empresas de media depende das plataformas para ter lá os canais e é por isso que é importante conseguir um equilíbrio entre plataformas e free to air para que o espectador português consiga ter informação de qualidade independente, entretenimento bom e ficção feita cá. “Precisamos desse pacto de não agressão”, justifica.

Gonçalo Reis deixa ainda uma outra alternativa, que passa pela TDT, onde a RTP vai disponibilizar a RTP 3 e a RTP Memória, mas desafia outros membros do painel “achamos que isso pode ser uma oportunidade para revitalizar a oferta de TDT e que os operadores enriqueçam uma plataforma que será interessante no panorama competitivo das plataformas”.

Este foi o último painel do 25º Congresso das Comunicações da APDC, que decorreu nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro Cultural de Belém em Lisboa, reunindo mais de uma dezena de painéis onde participam 99 oradores e que abordam os principais temas do sector das comunicações e TI.

O TeK acompanhou a conferência, pelo que o convidamos a acompanhar aqui todas as notícias produzidas.