Em breve as necessitadas prisões da Jamaica vão passar a disponibilizar aos detidos acesso à Internet, permitindo-lhes assim que desenvolvam novas aptidões técnicas ou troquem correspondência através de mensagens de correio electrónico. Segundo o Governo, este projecto vai preparar os detidos para a vida social, despertando-lhes novos interesses cognitivos. Os presos de duas das cadeias mais severas de Kingston – Tower Street e South Camp – que façam parte do programa "Reverence for Life" vão ser os primeiros a participar neste projecto e a navegar na Internet.



De acordo com informações veiculadas pelo serviço noticioso Wired News, Camella Rhone, directora geral do ministro da Indústria, Comércio e Tecnologia da Jamaica, as tecnologias digitais vão permitir que os detidos se transformem em cidadãos activos tanto dentro como fora da prisão. Esta responsável apresentou a ideia em Maio de 2000 ao professor de direito da Universidade de Harvard, Charles Nesson, após uma reunião no Berkman Centre for Internet & Society que este dirige em Boston.



Segundo Camella Rhone as prisões jamaicanas são o espelho de uma sociedade onde um terço da população – de apenas 2,6 milhões de pessoas no total – vive abaixo do limite da pobreza e menos de 4 em cada 100 pessoas possui um computador. Desta forma, pode investir-se na educação da população e o Berkman Centre encontrar nestas prisões laboratórios de estudo já que Charles Nesson demonstrou o seu interesse neste projecto no final do ano passado.



Depois de visitar os locais, Charles Nesson e o vinte pesquisadores que o acompanharam ficaram impressionados pelo talento dos detidos e alguns elementos da equipa de media também presentes ajudaram os detidos a produzir um vídeo.



Prevê-se que o primeiro computador seja montado pela equipa do Berkman Centre nas instalações, consideradas mais modernas, do South Camp. Quanto aos problemas de segurança que uma iniciativa desta natureza possa levantar, Camella Rhone afirma que a tecnologia permite monitorizar as actividades dos detidos e que, para além do mais, a recusa do acesso pode ser utilizada como "ferramenta de reabilitação. Trata-se de viabilizar uma licença virtual e eles não vão querer abdicar disso".



Todavia as boas intenções deste projecto são relegadas para segundo plano face às necessidades de mais atendimento médico e segurança para a comunidade prisional e que colocam quaisquer objectivos de reabilitação em risco. Ouvem-se já as vozes de alguns críticos que condenam o governo por este privilegiar assim alguns presos, enquanto que a vasta maioria está sujeita a viver em condições miseráveis.



Neste momento Charles Nesson espera apenas um convite formal do governo da Jamaica que deverá estar para breve, mas sempre vai adiantando que Harvard contribuirá com algum acompanhamento inicial e conhecimento, mas que terá que ser o Estado a suportar todos os custos relacionados com equipamentos, programas e acesso à Internet.



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