Existem normas estabelecidas a nível mundial para a acessibilidade das páginas Web por pessoas com necessidades especiais. As normas estão definidas há vários anos, mas um professor da Universidade Portucalense decidiu verificar até que ponto as mesmas estão ser colocadas em prática nos sites das escolas portuguesas.



Os resultados não são animadores: apenas 1% das escolas apresentam o símbolo que indica que o site está, de alguma forma, adaptado a pessoas com necessidades especiais; 22% das páginas observadas têm más práticas na aplicação das normas; e apenas 0,53% são classificadas como “muito boas” ou de “excelente prática”.



Em declarações ao TeK, o investigador principal do estudo, Victor Henriques, considera que uma boa parte da responsabilidade desta situação deve ser atribuída ao Ministério da Educação e da Ciência (MEC). Isto porque além de haver um sistema de orientação, é dado pouco tempo aos professores de TIC para outras atividades.



O académico da Universidade Portucalense lembrou que é prática comum nas escolas portuguesas serem os professores de TIC a desenvolver as páginas online, mas que no bloco de tempo disponível para outras atividades são feitas várias tarefas de manutenção como na plataforma de e-learning Moodle ou até na simples limpeza dos PCs.



“Não havendo tempo é complicado apresentar trabalho de qualidade. Mas em termos de acessibilidade há muito trabalho a fazer”, reiterou.



“Muitas vezes quem pega no sítio escolar não se lembra das normas”, explica Victor Henriques que considera que se houvesse mais informação e até mesmo obrigatoriedade por parte do MEC relativamente a esta questão, a situação seria bem diferente.



Até no campo dos endereços e dos domínios existe uma grande confusão no sistema de educação português. Isto porque as escolas podem usar o domínio que bem entendem: 14% dos sites das 954 escolas analisadas têm um endereço que termina em .COM. O investigador Victor Henriques defende que este é um domínio comercial e que não bate certo com a imagem do sistema da educação.



A melhor alternativa, o domínio .EDU.PT, está longe de ser o mais usado – aquele que tem maior taxa de utilização é mesmo o domínio .PT que marca presença em cerca de 30% das páginas analisadas.



Mas a má gestão das páginas online estende-se também à parte dos conteúdos e da apresentação visual. No estudo intitulado “As escolas portuguesas na Internet: uma avaliação dos sítios Web das escolas públicas” é ainda revelado que mais de 48% dos sites de um total de 305 escolas da Direção Regional de Educação do Norte (DREN) não apresentam sequer a oferta formativa.



“E mais de 57% não mostram o seu plano de estudos”, é referido num comunicado de imprensa. Quer isto dizer que um grande número de escolas nem sequer apresenta online alguma da informação que é considerada como básica.



Victor Henriques disse ainda ao TeK que durante a sua investigação, que incluiu escolas de todos os distritos do país, chegou mesmo a encontrar algumas unidades escolares que não tinham uma página online funcional, apesar de ser uma percentagem pouco residual.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico