Os laboratórios de investigação do SAPO desenvolveram o projeto "o mundo numa rede", que em parceria com a agência Lusa apresenta uma máquina do tempo que permite viajar ao longo dos últimos 25 anos de acontecimentos nacionais através de notícias e personalidades.

O projeto enquadra-se na área de jornalismo computacional e pretende facilitar o acesso a acontecimentos históricos e a notícias que simplifiquem a investigação no geral, mas mais especificamente a investigação jornalística. Considerado como um conceito "pioneiro a nível mundial", os dados estão acessíveis através de uma linha de tempo (timeline), que está dividida por anos e subdividida por meses para facilitar o enquadramento da pesquisa.

Ao todo são 2,5 milhões de notícias que representam os últimos 25 anos de Portugal, com 110 mil personagens que marcaram a história recente do país e do mundo, existindo no total mais de 8 milhões de ligações entre as diferentes personalidades. O investigador dos laboratórios SAPO da Universidade do Porto, Jorge Teixeira, confessou que foi um desafio muito grande a construção do projeto, sobretudo pela grande quantidade de notícias que foi indexada.

A ideia, que é um amadurecimento da área "Mundo Visto Daqui" que pode ser encontrado na área de notícias do portal SAPO, está em desenvolvimento há cerca de seis meses, mas o conceito do projeto começou a ser trabalhado há dois anos e meio. A versão apresentada no SAPO Codebits ainda não está finalizada e está sujeita a melhoramentos. No decorrer dos três dias do evento a equipa de investigação vai realizar inquéritos junto dos utilizadores e dos jornalistas para perceber como o "mundo numa rede" pode evoluir e tornar-se realmente funcional.

Apesar da declarada vertente jornalística, o serviço vai ficar disponível através de uma página Web para o público em geral. Além de uma ferramenta de investigação, o projeto português pretende funcionar como uma espécie de rede social histórica que permite analisar a evolução das personalidades através da linha de contactos que estabeleceram ao longo do tempo, com as diferentes áreas sociais e com outras personalidades.

[caption]o mundo numa rede[/caption]

Como funciona

Os resultados estão armazenados numa base de dados que são disponibilizados consoante a pesquisa dos utilizadores. O sistema ainda não permite fazer pesquisas por termos que o utilizador defina por si, mas tem um conjunto de sugestões pré-programadas que tentam dar cobertura aos principais motivos de interesse que podem ser pesquisados.

Os resultados são disponibilizados numa nuvem de ligações que é gerada com base em centenas de notícias. Os resultados do "mundo numa rede" encontram-se divididos por temas, tal como num jornal tradicional, e é possível fazer uma separação dos resultados através destes mesmos temas. Quando uma rede é apresentada são apresentados no lado direito superior as características da nuvem de ligações que está presente no ecrã, indicando quanto pessoas fazem parte dessa nuvem e quantas notícias o leitor pode aceder relacionadas com aquele tema e com aqueles intervenientes. Existe depois um botão dedicado que dá acesso às notícias que geraram a nuvem.

Do lado direito é possível ainda encontrar uma secção de "etiquetas de temas" que se identificam por relevância através do tamanho de letra usado na descrição das tags.

O utilizador tem também a opção de controlar a quantidade de dados que quer visualizar, podendo aumentar ou diminuir o número de ligações que são apresentadas no ecrã. Existe ainda uma área que sugere temas que podem interessar ao utilizador, mas neste momento os temas definidos são ainda uma escolha editorial, pelo facto de o projeto ainda não estar completamente concluído.

Neste momento a plataforma apenas está pensada para dispositivos com ecrãs sensíveis ao toque, mas Jorge Teixeira admite que terá que ser trabalhada uma versão para os computadores que ainda não suportem este tipo de tecnologia.

A Agência Lusa é uma parceira da SAPO de longa data, e como agência de notícias nacional é a que reúne melhores condições para um projeto com esta ambição. Mas segundo o que o TeK apurou existem mais meios de comunicação interessados em aderir ao sistema da timeline de notícias em rede, e como explicou Jorge Teixeira, o projeto pode ser adaptado a outros media sem que para isso tenham que haver grandes alterações no modo de funcionamento.

O projeto está dividido em duas grandes áreas: a da extração da informação e a da visualização. O aspecto é uma das componentes que está em destaque no serviço criado, sobretudo pela forma simplificada como os resultados devem ser apresentados.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico