Erkki Liikanen, comissário europeu para as empresas e da Sociedade da Informação afirmou recentemente que a oferta de conteúdos europeus na Internet é ainda relativamente escassa e de fraca qualidade, informou o CORDIS, serviço de informação sobre investigação e desenvolvimento da União Europeia.
Explicando que "os serviços são o motivo porque o utilizador acede à Internet e o factor de atracção está no conteúdo", afirmou que a criação de uma sociedade da informação inclusiva depende de conteúdos diversificados e multilingues que venham de encontro às suas necesidades culturais.
Discursando na conferência "eEurope: challenges and opportunities" que decorreu no Conselho Empresarial Europeu-Americano em Washington, nos Estados Unidos, Liikanen acrescentou que os governos da União Europeia podem desempenhar um papel importante na produção de conteúdos através da digitalização de conteúdos públicos e do fornecimento de serviços online de elevada qualidade.
O comissário salientou, no entanto, que "o que continua a faltar é a interactividade, que é a essência da Internet" e que vai provocar a reforma dos serviços públicos ao fixar novos padrões de resposta, proximidade do cidadão e qualidade de serviço.
Por outro lado, Liikanen considera ser importante que todos os europeus tenham acesso e saibam utilizar a Internet. Na sua opinião, as mulheres, os idosos, as pessoas com um baixo nível de educação e as que vivem nas zonas rurais estão ainda em desvantagem no que se refere à adopção da Internet.
Afirma também que apesar de o processo de melhorar o acesso dever começar na escola, é também necessário trabalhar para promover novas competências entre os que já entraram no mercado de trabalho, bem como ajudá-los a adaptar a tecnologias em mutação rápida.
Apesar da explosão da bolha das dotcoms, Liikanen afirmou que a estratégia eEurope da Comissão Europeia continua a desempenhar um papel vital no desenvolvimento de uma sociedade europeia baseada no conhecimento. Do seu ponto de vista, não obstante as novas condições do mercado, a nova economia e a estratégia eEurope delineada na cimeira de Lisboa em Março de 2000 não pertencem à história.
"A nova economia é um novo modelo que diz respeito a toda a economia", por isso, "apesar de parecer que a moda terminou, esta integração da velha com a nova economia permanece", o que é demonstrado pela gama cada vez maior e mais diversificada de empresas que continuam a apostar na Internet, sublinhou.
Acrescentou que à medida que esta integração for tomando forma, irá ajudar "a mutação em direcção a uma economia em rede e baseada no conhecimento", criando um sistema "em que um número cada vez mais elevado de indivíduos e empresas se interligam". Como exemplo, referiu o crescimento contínuo da utilização da Internet nos lares europeus e estatísticas que demonstram que a percentagem de utilizadores habituais está-se a aproximar de uma média europeia de 40 por cento.
Liikanen acentuou, contudo a importância de objectivos claros e a longo prazo de políticas públicas. "Os investidores são influenciados pelos mercados bolsistas, mas a política pública não deve flutuar como os preços das acções". Daí, a necessidade de políticas públicas claras que assegurem a continuação da liberalização do mercado das telecomunicações, a aceleração do comércio electrónico, enfrentar os problemas de cibersegurança, promover conteúdos de qualidade e "fazer a ponte entre a divisão digital" - segregação entre info-excluídos e os indíviduos com acesso às novas tecnologias".
O comissário para as empresas também indicou um conjunto de medidas específicas adoptadas pela União Europeia para promover o desenvolvimento do e-commerce europeu, como a iniciativa Go Digital para ajudar as PMEs a tirar partido das oportunidades do comércio electrónico e a criação do domínio de topo ".eu".
Segundo Liikanen, a introdução do euro nos 12 Estados-membros vai ajudar a criar novas oportunidades além-fronteiras para o e-commerce, uma vez que "a transparência de preços que a nova moeda vai gerar, juntamente com a Internet, irá certamente contribuir para aumentar a concorrência e a dinâmica da economia regional".
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