Como defende Trisha Kothari, cofundadora e CEO da Unit21, na sessão para sessão “Crypto: After the trust is gone” no Web Summit 2022, a confiança no mundo cripto “não desapareceu”, mas foi seriamente impactada pela utilização de criptomoedas em ciberataques e esquemas fraudulentos. “As empresas precisam de fazer um melhor trabalho a levar os esquemas fraudulentos a sério”, realça.
Em linha com Trisha Kothari, Ethan Pierse, confundador NFT Factory Paris / CryptoAssets Institute, acredita que a confiança “não desapareceu de todo” em muitas das facetas do mundo cripto.
O responsável detalha que, no que toca às criptomoedas, “muita da tecnologia e das suas promessas baseiam-se em infraestruturas descentralizadas” e é preciso ter em conta que os incidentes que se têm vindo a registar, que são “apontados como uma quebra na confiança”, aconteceram em organizações com estruturas centralizadas “que cometeram grandes erros”. “A cripto não falhou, mas sim as estruturas que a estavam a representar”, defende.
“Dizer que a confiança em cripto desapareceu é o mesmo do que dizer que a confiança nos bancos desapareceu”, enfatiza Iana Dimitrova, CEO da OpenPayd. A responsável afirma que os casos de fraudes registados não se relacionam com a tecnologia em si, mas com a atuação das entidades que a utilizam.
Segundo a responsável, atualmente o que se regista é uma diminuição na confiança por parte dos consumidores. Do lado das instituições, existe “um crescimento massivo no volume de dinheiro institucional que está a ver convertido em criptomoedas”.
A regulação pode ajudar a mitigar os problemas e, atualmente estão a ser tomadas medidas nesse sentido, como a diretiva MiCA (Markets in Crypto Assets Regulation) na Europa, porém, as visões relativamente a como seria a regulação ideal diferem entre os membros do painel, embora concordem que é necessária uma maior sensibilização, tanto do público, como das empresas para os esquemas fraudulentos e para a forma como podem evitar ser apanhados pelos mesmos.
Criptomoedas e cibercrime
Michael Gronager, cofundador e CEO da Chainalysis, realça que há dois tipos de atacantes que se destacam no mundo dos ciberataques com criptomoedas: os cibercriminosos ligados a Estados-Nação e os que atuam como “lone wolves”.
Para o responsável, o “grande problema” está nos hackers apoiados por Estados-Nação, em particular da Coreia do Norte: o Larazus Group, por exemplo, já roubou mais de 500 milhões de dólares em criptomoedas só este ano. O caso da Coreia do Norte é particularmente preocupante, uma vez que os fundos roubados pelos hackers apoiados pelo país são utilizados para financiar a produção de armas nucleares e de mísseis.
“Seguir o rasto do dinheiro é muito importante”, afirma Michael Gronager e, para as organizações afetadas, assim como para as autoridades, é necessário agir rapidamente, porque, após um ataque, os cibercriminosos fazem de tudo para “lavar o dinheiro” roubado sem que ninguém dê por isso.
Olhando para o ataque à Ronin, a blockchain que suporta o jogo Axie Infinity, em março, visto como um dos maiores roubos de criptoativos alguma vez registados, seguir o rasto do dinheiro compensou, uma vez que permitiu recuperar 10% dos fundos. No entanto, o restante montante continua à espera de ser branqueado, que requer uma monitorização constante por parte das autoridades a seguir o caso.
O SAPO TEK está a acompanhar toda a edição do Web Summit em direto até dia 4 de novembro. Siga todas as notícias aqui, acompanhando também a transmissão em direto no palco principal.
Veja ainda algumas das principais imagens que a equipa do SAPO TEK vai recolhendo por dentro do Web Summit
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