O IOL e Clix emitiram hoje dois comunicados desvalorizando a deliberação mais recente da Anacom relativamente ao mercado grossista de ADSL. Os ISP consideram que esta nova deliberação da Anacom (ver noticia relacionada) não atende nenhum dos pontos que fundamentaram a suspensão temporária do serviço pelas duas empresas, pelo que a decisão tomada por ambas se manterá.



No comunicado divulgado pelo IOL explica-se que "a alteração dos preços proposta não só não é suficiente, como não leva em conta as melhores práticas europeias".
O ISP da Media Capital considera que a redução de um euro na mensalidade paga à PT "é claramente insuficiente, na medida em que não é contemplada a diminuição do custo do acesso agregado e é ignorada a protecção da margem para as diferentes classes de débito".



O comunicado refere ainda que a definição de um valor de 38 euros para a taxa de activação (paga por cada cliente angariado) sem qualquer referência ao valor a cobrar pela migração entre operadores é também claramente insuficiente". O IOL justifica esta posição dizendo que a PT "já cobra valores na ordem dos 12 euros para migrações entre classes de débito".



Em forma de protesto o IOL iniciará no primeiro dia do mês de Fevereiro o que chama de "luto pela Banda Larga". Esta espécie de campanha levará a que semanalmente a empresa informe os seus utilizadores sobre um conteúdo do qual não poderá beneficiar, enquanto as condições regulatórias não promoverem a rentabilidade dos operadores.



Recorde-se que na conferência de imprensa onde foi divulgada a suspensão do serviço, o IOL explicou que bloqueando a entrada de novos clientes não teria condições para continuar a investir em conteúdos de banda larga, na sua maioria financiados pelo acesso.



Clix partilha argumentos com IOL



No comunicado que divulgou o Clix congratula-se com as medidas definidas pela Anacom, mas sublinha que "continuam a não existir quaisquer mecanismos de protecção de margens dos operadores". O ISP acrescenta que "as alterações indicadas nos preços grossistas, ainda que positivas, não garantem de nenhuma forma que as empresas retalhistas do Grupo PT procedam a qualquer momento à redução dos preços de retalho (quer da activação, quer das mensalidades), como aliás tem sido prática comum do grupo, mantendo negativas as margens dos operadores alternativos".



O Clix relembra que, em sua opinião, o problema das telecomunicações é estrutural e não apenas uma questão de custos. Ambas as empresas já ontem tinham emitido comunicados reagindo a uma primeira comunicação da Anacom, expondo mais uma vez os seus argumentos e deixando claro que não pretendiam aceitar novos clientes até que fossem resolvidas as questões que consideram centrais.



A PT por seu lado, disse ontem ao Tek, que se mantém tranquila considerando que os preços grossistas praticados em Portugal já eram dos mais baratos da Europa. O detentor da infra-estrutura considera ainda que este é um negócio de escala, pouco rentável abaixo dos 10 mil clientes.



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