Ao contrário do que tem sido defendido, nem todos os predadores sexuais se comportam da mesma forma enquanto navegam na Internet, existindo pelo menos três tipos distintos de perfis, conclui o European Online Grooming Project.

Os primeiros resultados deste estudo europeu, feito a partir de entrevistas a ciberpredadores condenados no Reino Unido, Bélgica, Itália e Noruega, apontam para três tipos de comportamento diferenciado: o "Attachment Distorted", "Adaptable Offender" e "Hyper-Sexual".

“Estas novas evidências são um alerta para a urgência de que é preciso fazer mais para ajudar a que os jovens permaneçam online seguros”, dizem os investigadores. Stephen Webster, um dos responsáveis pela análise, refere que a adopção por partes das redes sociais de estratégias como o botão de pânico e o trabalho que está a ser feito para aumentar a consciencialização dos jovens sobre os riscos online é excelente, “mas este estudo indica que a abordagem generalizada já não é suficiente”.

Relativamente aos perfis definidos, os predadores do tipo Attachment Distorted acreditam que estão num relacionamento romântico e consentido com a criança, não usam imagens indecentes e não tentam esconder sua identidade. Este tipo de "groomer" (como são denominados em inglês os “aliciadores”) tende a passar muito tempo a socializar online com a vítima, para conhecê-la melhor antes de marcar um encontro pessoal.

Os Adaptable Offenders na maioria das vezes recorrem a identidades diferentes online, adaptando o seu estilo ao da criança com que estão em contacto. Encaram as vítimas que aliciam como sexualmente maduras e podem ou não utilizar imagens indecentes. Os encontros pessoais também podem ou não ser tentados.

Já os predadores do tipo Hyper-Sexual têm tendência para coleccionar quantidades enormes de imagens impróprias de crianças, mantendo-se em contacto com outros aliciadores online e apresentam pouco interesse em encontrar-se pessoalmente com a sua vítima. São igualmente características deste perfil a utilização de entidades diferentes e de perfis online sexualmente explícitos e o contacto rápido com a vítima.

Outro dado preocupante deste estudo, que resultou de uma colaboração entre universidades do Reino Unido, Bélgica, Itália e Noruega, é que muitos jovens comportam-se online de uma forma que pode ser encarada como “sexualmente provocadora”, sem perceberem os riscos que correm, alertam os investigadores dando o exemplo do tipo de fotos muitas vezes colocadas nos perfis das redes sociais.

Depois do estudo, o objectivo do European Online Grooming Project passa pelo desenvolvimento de um conjunto de recomendações sobre segurança online, tendo em conta as novas conclusões.