Segundo noticia o The Guardian esta segunda-feira, o Facebook foi "chamado" a avaliar cerca de 54 mil potenciais casos de chantagem sexual num único mês.
O jornal britânico cita um documento interno a que teve acesso e acrescenta que, só em janeiro, a rede social viu-se obrigada a eliminar mais de 14 mil contas por casos relacionados com este problema. Do total, 33 envolviam crianças.
A contabilização foi feita com base nas denúncias dos utilizadores, mas o problema pode ser maior do que isto.
A inexistência de filtros entre as intenções dos utilizadores em publicarem conteúdos abusivos online e a efetiva publicação dos mesmos cria uma vantagem face à plataforma que só pode ser corrigida à posteriori. O sistema, constituído nesta base, tem assim permitido a partilha de milhares de vídeos e imagens que violam as políticas do Facebook. A chantagem sexual é dos tipos de publicação que constitui parte do problema.
Nestes casos, são utilizadas fotografias e clips comprometedores da vítima para a humilhar e envergonhar (revenge porn) ou até para obter favores em troca da não publicação destes conteúdos (sextortion).
Segundo as regras de ação do Facebook, que foram publicadas na internet este fim-de-semana, a rede social tem dificuldades em delinear um limite entre as publicações sexuais aceitáveis e as não aceitáveis. Apesar de não serem permitidas publicações de imagens sexuais não consentidas, os documentos determinam também que podem ser partilhados conteúdos com representações gráficas de "sexo oral", "manual" e "penetrações", criando um plano de decisão difícil para os moderadores do website que, descontextualizados do propósito dos posts, podem nem sempre decidir de maneira acertada.
Em adição, é também permitida a utilização de linguagem sexual explícita, como "vou-te f****", por exemplo, mas, por outro lado, não é aceite que se escrevam estas frases com detalhes específicos acerca da localização ou da hora. Neste último caso, o texto deve ser eliminado assim que reportado.
Comentários como "E se eu te f****** esse c*?" ou "Eu gostava de f**** a c*** desta c****", também eram permitidos até há pouco tempo.
A confusão, no entanto, continua no domínio da nudez e da sexualidade. Como escreve o The Guardian, o Facebook permite que sejam partilhados conteúdos com nudez "desenhada ou concebida digitalmente" e atividades sexuais "desenhadas", mas não "concebidas digitalmente". Porém, se os posts com atividades sexuais forem denunciados, os moderadores devem eliminá-los.
Em resposta, o Facebook já prometeu simplificar o processo de remoção de conteúdos.
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